quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

COISAS DE FAMÍLIA DO PASTOR

“Só podia ser filha de pastor!”. Foi esta a frase que uma jovem deixou escapar ao se referir a uma de minhas pequenas, após presenciar uma daquelas travessuras típicas de criança – a única coisa que ela não esperava é que o pai estivesse tão perto! Não resisti à infâmia e retruquei: “A ‘filha de pastor’ tem nome, e é tão criança como qualquer outra!”. Este incidente, porém, não é o único dos equívocos (para não dizer injustiças) que se cometem com familiares de pastores.

Mas, é a mulher do pastor quem sofre as mais acirradas cobranças. Para muitos, ela deve estar sempre sorrindo, arrumada, solícita, presente e agradável. No primeiro sinal de desagrado às exigências do rebanho elas vão para a berlinda. Lamentavelmente, na boca do povo o termo “a mulher do pastor” pode ser gancho para piadas prontas e bordão de críticas ácidas, depende do momento e da utilidade.

Como se não bastassem as tais cobranças, ainda se exige que mulher e filhos de pastor sejam quase que onipresentes nas tarefas eclesiásticas. Do mutirão de limpeza à participação nos ensaios do coral, eles precisam marcar presença se não quiserem se tornar até mesmo motivos daquelas desculpas sórdidas do tipo “se nem a mulher e os filhos do pastor participam, porque devo participar” – muitos pastores caem nestas armadilhas e acabam usando sua família como “isca” para atrair e convencer as demais pessoas da congregação para participarem das atividades.
Falando nisto, acho que nós, pastores, contribuímos em grande parte para esta “cultura” de exigências absurdas sobre nossas mulheres e filhos, como se tivéssemos a obrigação de ter que mostrar e provar o tempo todo que somos os melhores em tudo – o que além de ser um enorme engano, potencializa o risco de efeito reverso tão devastador como os que têm levado dezenas de famílias de pastores até mesmo à destruição.

Não raras vezes encontramos famílias de pastores infelizes, insatisfeitas e em queda livre, vivendo apenas de aparência. Mulheres depressivas, filhos revoltados são só a ponta do iceberg, pois está cada vez mais comum encontrarmos pastores divorciados, separados do convívio familiar, vitimados pelas pressões típicas do ministério e das absurdas exigências cruelmente impostas sobre suas famílias.

Cuidado pastor: Igrejas existem aos milhares. Família é única, é singular e insubstituível! Cuide bem dela! Dê à sua mulher e aos seus filhos o melhor de seu tempo! Cubra-os de atenção, de carinho e amor... Ninguém é capaz de fazer isto melhor do que você!

“Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel.” – I Tm 5.8

pr Aécio

2 comentários:

  1. Que Deus continue te abençoando assim como a Mara e as meninas...

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  2. conheço essa realidade, mais aqui cultivamos o habito coma congregação de mostrar que somos humanos e falhos como qualquer um deles e as nossas ovelhas aprenderam que família de pastor não é perfeita, que como todo mundo temos problemas, o diferencial é que mostramos como resolver os conflitos diários, mais conheço muito pastor que sofre com esse estigma na família pastoral. ótima reflexão.

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