Há uma tendência nefasta em nossos dias de se endeusar pregadores, pastores, teólogos e demais expoentes em nossos currais evangélicos. Assisto a isto com um misto de incredulidade, indignação e vergonha. Incredulidade por que é preciso anular ou suprimir até a capacidade de crer quando a gente se depara com tanto cara-de-pau se aproveitando da simplicidade alheia. Indignação por conhecer alguns destes indivíduos de perto e saber que muitos deles são verdadeiras fraudes como maridos, pais e cidadãos. E, por fim, envergonhado por que a gente sempre é confundido com alguns deles e lançado na vala comum, quando seus escândalos e demais “pisadas na bola” vem à tona, originando aquelas piadinhas burras do tipo “pastor é tudo igual”.
Gosto da inteligência e sabedoria comedidas do apóstolo Paulo. Gosto de seu lado cult sem pose de intelectual. Não consigo imaginar Paulo aceitando convites para os estúpidos debates dos “programóides” de TV que só querem IBOPE nas costas de obreiros exibicionistas, oportunistas e demagogos – considero as exceções sem desculpar os trapalhões que vão aos tais programas supostamente revestidos de autoridade para falar em nome dos evangélicos... Deus me livre!
As cartas de Paulo revelam um sujeito antenado com seu tempo, um homem que lê e que, acima de tudo, possui convicções que não se baseiam em ilações religiosas fanáticas, interesseiras e ambíguas só. Paulo sabia o que falar e o que dizer, não era como estes “papagaios de pirata” que a gente assiste na TV ou ouve nos sofríveis programas evangélicos de rádio. No entanto, penso também que Paulo ficaria constrangido ao ver que nossas conferências, congressos e demais ajuntamentos de crentes gradualmente se transformaram em desfiles de certificados, diplomas, experiências no exterior, condecorações e outras patentes.
Hoje em dia é cada um querendo ser mais sabido que o outro só para se mostrar – e a igreja moderna gosta disto que é uma beleza. Por exemplo, não rara vezes um sujeito se torna referência e passa ocupar elevadas posições nas grandes denominações só por terem se formado na Havard University, enquanto outros mais inteligente, mais capazes e mais cheios do Espírito, jamais sairão dos bancos das igrejas por que “lamentavelmente” podem contar apenas com a convicção de chamado e com os dons espirituais para fazerem a obra de Deus – qualificações insuficientes e descartáveis no competitivo mercado elitista e academicista em que está se tornando o santo ministério em nossa contraditória igreja brasileira!
Se transportarmos esta crítica para as igrejas, em cujos cultos impera a exigência pela técnica em detrimento à liberdade do Espírito Santo, notamos que o linguajar rebuscado, o discursos milimétricamente calculados para impressionar a audiência e o uso exagerado e inconsequente das técnicas de oratória, impedem que aqueles que ainda têm ouvidos “ouçam o que o Espírito diz às igrejas”.
Mas, nem sempre bacharelado, doutorado, MBA, PhD e outras qualificações vem acompanhados de ética, moral, humildade, servilismo e, sobretudo, santidade – cá entre nós, muitos acadêmicos metidos a besta nem convertidos são.
Lamentavelmente, o que se vê é uma crescente profissionalização ministerial, cada vez mais confiante em diplomas pendurados nas paredes dos gabinetes, e menos humilhada diante d’Aquele que, segundo Paulo, “escolheu as coisas loucas... fracas... vis ... e as desprezíveis... para que ninguém se glorie perante Ele.” (I Co 1.27-29). - pr Aécio
Eu leria com muito entusiasmo um livro de sua autoria!! Deus continue te abençoando!!!
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