terça-feira, 15 de março de 2011

MISERÁVEL APÓSTOLO PAULO - PARTE 4


NOVA

"Miserável homem que sou!” (Rm 7.24)



A cada vez mais comum onda de intelectuais disputando terreno no cenário evangélico, dominando púlpitos e demais espaços dedicados à exposição da Palavra não é algo que deva passar despercebido sem a devida crítica – com todo o respeito. Se sou inimigo do saber? Não! Se acho que ministros não devem estudar, ampliar conhecimentos ou dominar assuntos nas diversas ciências, também não!
Justiça seja feita, conheço alguns doutores que são a personificação da humildade e nem um pouco afetados por títulos acadêmicos, etc. Posso citar os doutores Russell Shedd, Paulo Romeiro, Bárbara Burns e Augusto Nicodemus Lopes, por exemplo, como raridades no meio de um montão de estrelinhas (dentre estes há os que compraram diplomas fajutos) que se acham o “ultimo biscoito do pacote” ao exibirem seu academicismo.

A questão é que, em nome da crescente (e exigente) vitrine que se cria, repleta de bacharéis, mestres e doutores, esvaziam-se os ministérios das vidas regadas a oração, da santificação, da dependência de Deus e da unção do Espírito. Neste caso, entre o doutor autoconfiante e o simplório pregador humilhado perante Deus, não tenho dúvidas, prefiro o segundo!

Fiados em seus diplomas, influenciados pelas ciências e tecnologias modernas e impregnados das mais diversas filosofias antigas ou contemporâneas (algumas altamente perigosas para o cristianismo, outras absolutamente anticristãs) que ora norteiam suas ideias e pensamentos, muitos ministros vem transformando a pregação e o ensino bíblico em exposições enfadonhas, recheadas de alusões técnicas, preocupadas com citações científicas, carregadas de pesquisas disto ou daquilo, etc.

Alguns pregadores trocaram o “assim diz o Senhor” pelo “assim disse Nietzsche” ou “no pensamento de Bacon...”, por exemplo, causando (pelo menos em mim) a impressão de mero exibicionismo cultural para impressionar os ouvintes. Um dos perigos que deriva desta postura é o de relegar as Escrituras a um plano secundário, um complemento, em vez de fundamental: “Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus...” (I Pe 4.11).

Paulo, o apóstolo, era altamente preparado academicamente, um intelectual educado aos pés do erudito Gamaliel (At.22.3) – o legado de suas epístolas fala por si, e torna desnecessário qualquer comentário adicional sobre o assunto. No entanto, ele parece querer nos mostrar que, no tocante à pregação do Evangelho, a sabedoria humana perde toda a sua pompa:

“Porque Cristo enviou-me, não para batizar, mas para evangelizar; não em sabedoria de palavras, para que a cruz de Cristo se não faça vã. Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, E aniquilarei a inteligência dos inteligentes. Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação. Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus. Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens. Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele.” – I Co 1.17-29

- pr Aécio -

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