José é um personagem bem conhecido por todos, ainda que tenham o mínimo conhecimento das histórias bíblicas. Desde sua infância, ele foi marcado por algo nada agradável: a incompreensão.
José era um sonhador que, para muitos, vivia no “no mundo da lua”. Para outros poderia ser um sujeito meio esquisito, que “brisava” o tempo todo.
Posso imaginar José com olhar perdido pensando no sonho do último cochilo. Aquele em que até astros e estrelas se dobravam perante ele. Posso imaginar sua cara de espanto quando relatou ao seu pai que havia sonhado com isso – o que lhe rendeu numa bronca sem tamanho.
Ser incompreendido é viver perigosamente, no fio da navalha. A qualquer momento alguém vai te pegar! Dito e feito: José foi vítima de uma trama de seus próprios irmãos que já não suportavam mais aquele “sonhador”. Como se não bastasse humilhá-lo e lança-lo num poço, por fim o venderam a preço de banana, ou melhor pelo preço de um escravo barato... Que dureza! O sujeito que sonha com astros e estrela se dobrando perante ele se vê, de repente, mercadoria de segunda!
Um tempo depois, mesmo como escravo, parecia que José desfrutava de um tempo de calmaria. Prosperou na casa de seu senhor, Potifar, o nobre egípcio que o arrematou no mercado de escravos.
Mas, quando alguém é incompreendido parece que o clima muda o tempo todo!
Tudo ia muito bem, até que a esposa de seu dono quis dar uma investida sobre o pobre escravo. Mas ela não percebeu que José era diferente dos demais, que se tratava de um homem temente, que amava a seu Deus, que levava seu trabalho a sério e respeitava profundamente os princípios do matrimônio.
Foi uma surpresa para a mulher de Potifar ver todo seu charme e assédio não valerem pra nada. Afinal, José não era daquele tipo que se deixava levar por cantadas baratas ou qualquer outro melindre de mulheres fúteis. Gente assim, quase sempre é incompreendida mesmo! Quem vai entender um sujeito que, em nome de princípios, valores éticos e morais, prefere arriscar seu trabalho e sua própria vida – diferentemente de outros tantos que afrouxam aqui e ali, mentem, enrolam e até subornam para não perderem esta ou aquela condição.
Mas, não acabou a história de José. Ele ainda foi preso, vítima da falsa acusação de ter dado em cima da mulher do patrão, etc. Ironia? Despeito? Tudo isto somados à injustiça mesmo – e da grossa!
Por fim, a virada na vida deste homem que se tornou alvo da incompreensão daqueles que estavam ao seu redor ou cruzaram seu caminho veio quando ele menos esperava. Depois de um longo período na prisão, aquilo que parecia uma interminável saga de frustrações termina de maneira triunfante. O incompreendido José se torna governador sobre uma grande e poderosa nação, o Egito! Sim, o moço desprezado pela família, o escravo aviltado, o preso acusado injustamente, agora um estadista! Sua família, seus ex-proprietários e algozes agora são seus súditos. Ironia? Despeito? Não, não, justiça de Deus mesmo! Como diria o velho ditado “nada como dia após o outro” – ou, nada como uma incompreensão após a outra! - prAécio
(Esta reflexão é baseada em Gênesis, capítulos 36 a 47)
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