Em razão da proximidade da nossa Conferência Missionária tenho pensado quase que diuturnamente sobre assuntos relacionados a missões e , confesso, tenho sido tomado por um misto de euforia e frustração. Euforia por se tratar de um tema que há mais de duas décadas faz parte da minha vida, que realmente dá sentido e ânimo na minha caminhada – para mim, qualquer expressão de cristianismo sem o mínimo conteúdo missionário é como pastel sem recheio.
Quanto à frustração, se dá pela mórbida e intrigante certeza de que para a grande massa, a grande maioria, tudo vai continuar igual! Como gostaria que fosse diferente disto, que estivesse totalmente enganado! Mas tem sido assim e, pelo jeito, vai continuar assim por muito tempo! As igrejas e os crentes modernos são altamente resistentes a missões... É como se fosse uma grande conspiração contra a Suprema Tarefa da Igreja! Uma gigantesca conspiração, onde, sem muito esforço a gente pode observar muitos comportamentos nada missionários. Não sei quanto aos leitores, mas existem algumas coisas que vejo e que me incomodam, as quais passo a descrever a seguir.
Vejo movimentos “gospel” com cara de oba-oba inútil por aí abarrotados de gente disputando ingressos e lugares, mas não observo a mesma gana quando o assunto é missões!
Vejo os tais “encontros” bestas que levam milhares de crentes ao encontro de tudo que dão prazer imediato, porém, ineficazes e incapazes de leva-los a um encontro real com Deus e ao encontro daqueles que estarão pra sempre perdidos se não forem tocados por nossas orações, palavras e testemunho!
Vejo muitos programas, shows e demais atrações inúteis voltados para o mero entretenimento e diversão de crentes que deveriam se dedicar um pouco mais para clamar, chorar e gemer diante de Deus por aqueles que ainda estão debaixo do jugo de Satanás, dominados em culturas milenares, vítimas de costumes diabólicos , amarrados por tradições absurdas e enganados por religiões e filosofias hostis.
Vejo também tantos seminários banais que destilam repetecos de coisas ultrapassadas, muitas vezes disfarçadas em discursos novidadescos, rebuscados e maquiados pela utilização dos recursos de mídia.
Vejo um número crescente de pessoas metidas a entendidas de missões, “mauricinhos” e “patricinhas” cheirando a biblioteca e a shopping center, metidos a experts em missões sem ter a mínima convicção, comprometimento e, o pior, sem a mínima experiência e preparo práticos em missões!
Vejo com pesar os burocratas e intelectuais desfilando nos Congressos requintados das estâncias e hotéis caríssimos, que gostam de posar pra fotos e vídeos que mais fazem propaganda deles mesmos do que das reais necessidades dos missionários e respectivos campos!
Vejo as muitas agências, instituições e organizações missionárias que mais parecem novas denominações ou extensões destas, que concentram renda e pessoas em bases e campos para “chover no molhado”, que não se ocupam em desbravar lugares inexplorados, que preferem se juntar a igrejas e grupos já estabelecidos em campos há muito evangelizados.
Vejo uma geração de pastores e líderes cegos de tudo, ou com visões paroquianas tão medíocres que reduzem o Reino a um 4X4 monótono, que alienam seus rebanhos das necessidades mundiais no que diz respeito aos povos ainda não alcançados, que reduzem a dinâmica do cristianismo a cultos, dízimos, ofertas e datas de calendário.
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