quarta-feira, 11 de agosto de 2010

DE REPENTE PASTOR

Não é nada confortável ocupar a posição e exercer a função de pastor.
Mesmo exercendo o ministério há quase duas décadas e em plena atividade, ainda não me acostumei com a idéia e presumo quem nunca me acostumarei – fique tranquilo quanto a achar esta declaração no mínimo paradoxal, pois já incomodei outras pessoas com as mesmas palavras.
Outro dia, conversando com uma colega em certo curso de liderança, recém ordenada, a ouvi dizer que estava amando o fato de ter sido reconhecida pastora. Pensei com meus botões: “Bem vinda ao lugar mais desconfortável da Terra!”.

Pastorear não é glamour, nem é também um posto privilegiado, é “sangue, suor e lágrimas”; é trabalho duro, muito duro. Se há quem queira se projetar usando um cajado, ou quem aspire ser cortejado por ocupar a tribuna, deve ser um aventureiro ambicioso ou um néscio descompensado. Os pouquíssimos figurões que fazem fama e fortuna sob o “manto pastoral” são as exceções da exceção – e tomo a liberdade para afirmar que estes não representam a esmagadora maioria de maneira alguma.

Pastorear não é opção, é obediência a um chamado muito específico – se existe alguém no pastorado sem esta convicção, dê-me licença que quero passar! Ninguém decide ser pastor, Ele chama, a gente obedece!

Uma das coisas que mais incomoda neste “agridoce” ofício é a incompreensão das pessoas. Mas a ingratidão é muito pior. Quem não compreende hoje, pode compreender amanhã, o ingrato, porém, dificilmente mudará (a experiência é quem diz).

Pastorear é chorar sorrindo e sorrir chorando – e quem é pastor sabe disto muito bem! Gemido de pastor é gemido silente, é grito mudo. Quando um pastor cala seu próprio sofrimento, o faz porque a dor alheia é sempre mais urgente.

Quem não me conhece, não faz parte de meu círculo íntimo, pode achar que estou acometido de alguma síndrome ou naufragando em uma daquelas crises ministeriais típicas, resultantes das pressões, etc. Mas não, não é isso. Apesar de não concordar com a máxima de que “a primeira impressão é que fica”, tive a forte impressão de que, ao assumir o pastorado, estava dando adeus definitivo à “zona do conforto”, e entrando de cabeça na “zona de conflito”: Acertei em cheio! Nunca mais saí dali, ou melhor, daqui! - pr Aécio

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