Falar do coração (e francamente) é muito mais difícil do que falar por conveniência ou querer simplesmente tratar de amenidades. Escolhi a primeira opção, mas só depois tive a consciência de que seria missão quase impossível falar, pregar ou mesmo escrever sobre posições ou opiniões ditas “polêmicas” ou fora dos daqueles padrões que a gente considera evangelicamente aceitos. Mas, até quando vamos tentar tapar o sol com a peneira querendo provar que somos um povo perfeito e que não precisamos de uns chacoalhões, pra ver se ao menos melhoramos no que tange à prática da fé que professamos?
Não há como negar que há muita coisa errada entre nós, e que não adianta querermos rechear nossas explicações com o enjoativo evangeliquês ou com teologiazinha de comadre! Há muita coisa podre em nosso meio e pronto! Há muita gente fingida, grosseira, mentirosa, traiçoeira, hipócrita, etc., em nosso meio, e não se discute o caso...
Há muita confusão no entendimento da mensagem de Jesus que resulta numa prática religiosa que na maioria das vezes se parece com tudo, menos com Cristianismo. Esta afirmação baseia-se na premissa de que não adianta um indivíduo dizer que tem Cristo no coração, se ele não tem o coração de Cristo – é como querer plantar bananeiras na Antártida. Da mesma forma, crer no Cristo que deu a vida por todos, mas não querer dar uma fração da nossa vida em favor de alguém é presunção.
Nós, cristãos evangélicos, somos viciados (se incomodar “viciados”, pode trocar por condicionados) em chavões e comportamentos aprendidos, inculcados de maneira repetitiva através das pregações ou de estudos bíblicos durante anos e anos. Nestas pregações e ensinos somos “doutrinados”, por exemplo, a amar as pessoas. Então, mesmo sem a gente entender muito bem o que é esta “coisa” de amar a alguém que nunca vimos, com quem que não temos nenhum vínculo ou afinidade, nos condicionamos ao chavão “temos que amar como Jesus amou” e aí dizemos: “Eu te amo meu irmão, com o amor de Jesus!”.
Mas, amar como Jesus amou não é como apertar um botãozinho do microondas, escolher a opção “ame como Jesus”, esperar trinta segundos e “pííííí”, estamos prontos para dar a vida pelo ilustre desconhecido que ficou do nosso lado no culto do domingo!
Amar como Jesus não é um exercício mental, nem a obediência cega a um mandamento, ou mesmo um dever que a gente cumpre para não se sentir culpado.
Amar como Jesus requer maturidade espiritual – meninos na fé, carnais, são incapazes de amar assim.
Amar como Jesus exige que a velha natureza tenha sido crucificada – pessoas não transformadas usam e abusam do amor como se fosse uma recompensa que se dá e que se recebe, mas quem foi transformado sabe que amar com Jesus é “graça pura”!
Amar como Jesus não se aprende na Escola Dominical, acontece quando somos capazes de enxergar nossa própria miserabilidade na miséria alheia – muitos crentes acham difícil amar pessoas que os contrariam, mas se esquecem de que éramos inimigos de Deus, mas mesmo assim Ele nos amou. – pr Aécio
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