Laodicéia se tornou num ambiente insuportável para aqueles que ainda queriam viver e desfrutar da Graça como ela é: “sem dinheiro e sem preço” (Is 55.1).
A impressão que temos é que o coração daquela gente foi tomado pelo materialismo e pela inconsequente falsa segurança que este comportamento proporciona. Para eles, os presunçosos crentes laodicenses, não havia necessidade alguma que pudesse preocupá-los, embora estivessem totalmente desprovidos de riquezas morais e espirituais.
Então, o Senhor Jesus não deixa por menos ao revelar-lhes sua real condição, e ao chamar a igreja de “miserável”! Sim, esta é a única igreja que é chamada de miserável!
Nada é mais traiçoeiro para a Igreja do Senhor do que o desejo pelas riquezas temporais. A este desejo vou dar o nome de “espírito de Laodicéia” daqui pra frente.
O espírito de laodicéia está ativo em nossos dias. Por exemplo, no momento em que escrevo estas linhas tenho em mente os burburinhos envolvendo um ala das igrejas Assembléias de Deus no Brasil que está em franca decadência, caindo no fosso do ecumenismo disfarçado pelo discurso verborreico e político de seu líder máximo. Mas não é só nesta denominação, outrora rigorosa nos princípios bíblicos que flagramos a ação deste espírito. Há outros ministérios que se projetaram por aqui e ganham o mundo, trilhando caminhos semelhantes, que poderão levá-los ao colapso total em poucas décadas. Exemplos:
- A Igreja Renascer em Cristo está rendida aos delírios de sua liderança (um pequeno clã) que perdeu os limites da decência, da humildade e do bom senso;
- A Universal do Reino de Deus dispensa comentários – basta lembrar que seu arrogante “sumo pontífice” é um milionário excêntrico, megalomaníaco e controverso abortista confesso, então, a questão está resolvida;
- A Igreja Internacional da Graça é uma colcha de retalhos, um mosaico de ensinos e práticas que não resistem ao menor escrutínio bíblico;
- A Igreja Deus é Amor oscila entre o medievalismo de seus ensinos, os rumores que envolvem escândalos familiares e o acúmulo de riquezas de seus sinistros líderes-proprietários;
- A “caçula” Mundial do Poder de Deus, liderada pela um cria rebelada da Universal, imprime a concorrência vingativa no ritmo do “quanto pior melhor” (e bota pior nisto).
Além destes, há outros segmentos de menor porte e visibilidade, nos quais o espírito de Laodicéia está presente. Estes, atraídos pelo sucesso das “gigantes do ramo”, despertam o desejo de alcançar o sucesso que aquelas alcançaram e passam a imitar em seus pequenos nichos suas práticas deploráveis.
Discernir e rechaçar o espírito de Laodicéia é a única maneira de não entrarmos em rota de colisão com a Palavra. Todo crente foi chamado para andar nas “boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas" (Ef 2.10), logo, deve observar se a igreja, movimento ou denominação da qual faz parte leva isto a sério, caso contrário, deve orar e buscar direção do Senhor para que Ele o conduza para outra igreja, etc.
Não é tão difícil discernir este espírito. Algumas evidências e traços peculiares podem nos ajudar a descobrir sua presença. Onde quer que estejamos, basta observarmos se há:
- Doutrinas e teologias que não se sustentam pelas Escrituras (prosperidade, riqueza, ausência de sofrimento, triunfalismo, campanhas disto ou daquilo, objetos ungidos, etc.);
- Ênfase demasiada em experiências do tipo “cair no espírito”, visões, revelações, etc., em detrimento ao discipulado contínuo;
- Lideranças dominadoras (geralmente concentradas nas famílias dos líderes e/ou fiéis “súditos”);
- Líderes esbanjadores, que adotam estilo de vida excêntrico muito próximo dos das celebridades;
- Pregações e músicas recheadas de heresias, como por exemplo o refrão do hit “Anjos de Deus”, onde “...têm, anjos voando neste lugar...” (como se anjos fossem desocupados que ficam vagando dentro de templos por aí). – pr Aécio