quinta-feira, 28 de abril de 2011

DIÁRIO DE UM DESVIADO

Ano 2006

Set, 21, Quinta-feira, 23:35 - ... Já nem sei quanto tempo tô assim… Parece uma eternidade. Eternidade… Hummm... Grande bobagem, não existe... Será que existe? Tenho dúvidas, muitas dúvidas...

Set, 25, Segunda-feira, 07:30 - Nossa, que dia chato! Aliás, todos os dias são assim. Viver é horrivelmente sem graça... Tudo sempre igual! Será que estou deprimido? Não sei, não. Há quem diga que é espiritual – cansei disto.... Blá, blá, blá de crente.
... Que droga, tenho que trabalhar de novo naquele lugar... inferno!!!

Out, 01, Domingo, 15:00 - ... Meu ex-pastor quer falar comigo... Como descobriu meu telefone? Cansei de dar desculpas e me esconder... Quando ele vai sair do meu pé??? ... Dor de cabeça... Acho que exagerei um pouco na bebida... Minha mãe vai me matar!!! Ainda bem que o velho mora longe... Que bom.
... Fiquei com o celular daquela menina! Ela estava mais bêbada que eu... Fim de semana entrego.

Out, 03, Terça-feira, 20:30 - Outro dia encontrei um irmão no metrô... Ufa! Foi difícil escapar até descer na próxima estação... Também, eles sempre perguntam as mesmas coisas: “Quando vai voltar pra igreja?”, “Quer conversar?”, “Tá congregando aonde?”... No meio de todo mundo não dá, assim não dá mesmo.

Out, 06, Sexta-feira, 19:15 - Acabei de ler o e-mail do Leandrinho, crente sincero, sujeito bom e sincero... De novo pediu pra que lesse a parábola do filho pródigo e disse que nunca deixou de orar por mim... Não cheguei nem na metade e desabei no choro... A Sônia viu!
Nunca respondi um e-mail do Leandrinho... Só o tenho visto nas fotos desde que mudei de bairro...
Hoje tem balada... A noite promete... Tenho que devolver o celular daquela doida – espero que esteja lá... Não parou de me ligar “só pra me lembrar”.

Nov, 06, Segunda-feira, 22:00 - Faz um mês que ela morreu... Acidente feio. Justo no dia em que ia devolver o celular... Fiquei esperando até às tantas... As pessoas não deveriam morrer tão jovens. Deus parece não se importar com isto... Sei lá... Quatro no carro e só um se salvou... Paraplégico, mas tá vivo. Eu, hein?... Balancei no dia, mas não posso me impressionar, afinal, todo mundo vai de um jeito ou de outro... Bobagem pensar nisto a esta hora.

Nov, 15, Quinta-feira, 18:00 – Tédio de feriado... Todo mundo viajando e eu sem grana aqui... Porcaria de desemprego... Já mandei currículo pra dezenas de empresas e nada. Tudo certo, em dia, perfil compatível com as vagas e nada... Que zica!... A mãe já tá pesando, dizendo que estou fazendo corpo mole, que devo pegar qualquer coisa... Quatro anos de faculdade pra “pegar qualquer coisa”... Tô fora! Fico em casa... Mas, qualquer coisa não... Fiz uma oração “meia-boca”, no desespero, sem acreditar em nenhuma palavra que dizia...

- pr Aécio
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Obs.: Todos os nomes, datas e eventos são fictícios. É só uma reflexão.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

ANTES QUE SEJA TARDE DEMAIS

Você já deve ter ouvido esta frase algum dia. Pode ser que ela tenha surgido numa conversa amistosa ou durante uma calorosa discussão.
Em tom de conselho, de ameaça, ou como um simples clichê, “antes que seja tarde demais” pode ser uma sentença perturbadora dependendo da ocasião.

Muitos de nós somos extremamente remissos (lerdos) na tomada de decisões e nas ações. Gostamos de “dar um tempo” e de “empurrar com a barriga”; somos acostumados a pedir “um minutinho” que pode durar horas, um dia inteiro; ou nos fazem esperar mais “cinco minutos” que duram uma eternidade.

Devemos ser cautelosos em relação ao que fazer e como fazer. Porém, jamais nos esqueçamos de que o mais implorante é “quando devemos fazer” – isto se aplica a outros verbos, como “dizer”, por exemplo.
A procrastinação, o “deixar pra depois”, quase sempre é uma armadilha – dependendo do caso pode ser fatal.

Discernir o tempo, o momento oportuno pode ser a diferença entre viver ou morrer; perder ou ganhar. O refrão da letra de Geraldo Vandré explica melhor isto:

“Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...”

Então, diante do exposto, antes que seja tarde demais:

• Jamais rejeite um abraço, nunca o negue.
• Não deixe o beijo de hoje para amanhã.
• Deixe o orgulho de lado, peça perdão. Perdoe!
• Ofereça ajuda. Não espere que venham bater em sua porta.
• Dê importância para as pessoas mais do que às coisas.
• Deixe alguém chorar em seu ombro.
• Seja gentil, espontâneo e atencioso para com todos em seu redor.
• Seja humilde em reconhecer que não vai conseguir sozinho.
• Levante e tente de novo. Não acredite que algo não vai dar certo só porque você não acertou desta vez.
• Creia. A fé não é argumento dos fracos, é a estratégia dos valentes.
• Ore... Muito menos o céu quer deixar pra depois!
• Confesse, afinal, quem nunca pecou?
• Derrube os muros. Construa pontes.

Pouco antes de escrever o que você está lendo, atendi o telefonema de um sobrinho que me disse: “Tio, hoje amanheci com uma vontade de dizer que te amo!”. Faça o mesmo! Surpreenda alguém assim!
Antes que seja tarde demais diga a alguém que o ama...- pr Aécio

sexta-feira, 8 de abril de 2011

MASSACRE NO RIO: O DIA SEGUINTE

O dia seguinte é dia de lamentar, de continuar o choro, de tentar juntar os cacos, de limpar o chão...
O dia seguinte é dia pra pensar, refletir e ousar questionar mesmo tendo a mórbida certeza de não ter a maioria das respostas! E, se elas surgirem, pode ser que venham trazendo mais dúvidas.

É simplesmente impossível ficar indiferente ao que ocorreu no Realengo, Rio de Janeiro, no fatídico dia que já está registrado pra sempre na história do Brasil como “nosso dia Columbine”. Por mais que quiséssemos resistir, todos nós fomos forçados a fixar as atenções nos meios de comunicação que disputavam par e par cada informação e cada detalhe, na tentativa de ao menos decifrar os enigmas em torno do acontecido.
Parecia um sonho, ou pior, um pesadelo. Parecia um filme – de terror! A quinta-feira, 07 de abril de 2011, ficará para a posteridade como o dia em que nosso Brasil agregou mais uma faceta macabra de um mundo pós-moderno cada vez mais medieval (paradoxo inevitável).
A presidente disse “... não é característica de nosso país...”. Mas é característica do nosso mundo, e num mundo globalizado tudo é de todos, até a violência! Nenhuma sociedade passa incólume pelas profundas transformações que fazem de nosso planeta uma aldeia global, um imenso quintal onde compartilhamos os mesmos dramas e as mesmas dores.

O Brasil não era assim, mas, está ficando assim? Vai ser assim? Lamentavelmente teremos que conviver com estas e todas as outras questões que já nos incomodavam, para as quais não há respostas prontas, não existem axiomas. Não dá pra resumir numa frase. Não se pode exigir uma explicação... O que existe é esperança de que tudo vai mudar um dia, e só. Esta é a resposta: a esperança! Esperança é o “respirar fundo da alma” pra organizar o caos todas as vezes que se instalar, colocando cada coisa em seu lugar e, assim, continuar (sobre)vivendo.

O dia seguinte é um dia das reticências, das aspas... É o dia em que as exclamações surgem do nada, e que a interrogações imperam soberanamente.
As reticências representam o silêncio sombrio das vozes tão jovens que se calaram pra sempre; as aspas simbolizam os superlativos e comparações inevitáveis; as exclamações são os sustos, o assombro e as interrogações insistem em mostrar que nós, seres humanos, criamos equações, fórmulas tão difíceis, que nunca saberemos as respostas... Eis uma delas!

Shalom!

- pr Aécio -

PUBLICADO ORIGINALMENTE NO IBEROSAMPA