terça-feira, 22 de novembro de 2011

DISCÍPULO OU RELIGIOSO?

No domingo anterior iniciei uma série de pregações baseada em Lucas 14.25-35. Esta passagem foca um dos assuntos mais sérios no que tange à vida cristã, que é o discipulado.
Todo mundo sabe que a maioria das igrejas não está nem aí pro assunto. Basta dar uma olhada na qualidade do testemunho de uma grande parcela dos cristãos de hoje pra gente chegar a esta triste conclusão.

Essa é a verdade que incomoda aqueles que são meros religiosos. Estes não passam de visitantes de igrejas aos domingos, ávidos por bênçãos, milagres, festas e eventos atrativos promovidos aqui ou acolá.

Apesar de haver grandes discrepâncias entre um discípulo e um mero religioso, não é tarefa de poucos minutos descobrir entre um e outro. No entanto, se compararmos alguns aspectos simples veremos com nitidez – como naquele jogo onde temos que encontrar os erros entre duas figuras aparentemente iguais. Abaixo, linha a linha estabeleço alguns contrastes entre ambos, baseados nas minhas próprias observações ao longo de quase 25 anos de experiência cristã:

1.       O discípulo segue de perto, o religioso acompanha à distância.
2.       O discípulo se doa voluntariamente, o religioso busca vantagens.
3.       O discípulo assume os riscos, o religioso foge dos riscos.
4.       O discípulo ama sacrificialmente, o religioso gosta.
5.       O discípulo abre mão de tudo pra seguir, o religioso agarra-se ao fútil.
6.       O discípulo faz uma positiva diferença em seu meio, o religioso é indiferente em qualquer meio.
7.       O discípulo não escolhe tarefas, o religioso só faz o que agrada.
8.       O discípulo sofre pelos outros, o religioso ocupa-se apenas consigo mesmo.
9.       O discípulo é verdadeiro, o religioso é dissimulado.
10.   O discípulo é humilde, o religioso é altivo.
11.   O discípulo paga o preço pra servir, o religioso só serve por um preço.
12.   O discípulo perdoa, o religioso contabiliza as falhas alheias.
13.   O discípulo prioriza o Reino, o religioso tem seu próprio reinado.
14.   O discípulo é obediente, o religioso é autoritário.
15.   O discípulo ajuda a carregar as cargas, o religioso quer cargos.
16.   O discípulo vive aprendendo, o religioso pensa saber tudo.
17.   O discípulo confia na justiça divina, o religioso é vingativo.
18.   O discípulo é “sim, sim e não, não”, o religioso é instável.
19.   O discípulo é amigo, o religioso é interesseiro.
20.   O discípulo é maleável, o religioso é inflexível.
21.   O discípulo busca a paz, o religioso adora uma contenda.
22.   O discípulo procura viver a Bíblia, o religioso tem uma Bíblia.
23.   O discípulo discerne, o religioso julga.
24.   O discípulo almeja, o religioso inveja.
25.   O discípulo espera ser exaltado, o religioso se exalta.
26.   O discípulo ama o anonimato, o religioso quer o estrelato.
27.   O discípulo se alegra com pouco, o religioso sempre quer mais.
28.   O discípulo serve, o religioso quer ser servido.
29.   O discípulo é perseverante, o religioso é inconstante.
30.   O discípulo é generoso, o religioso é mesquinho.
31.   O discípulo constrói pontes, o religioso levanta muros.
32.   O discípulo conquista, o religioso manipula.
33.   O discípulo ora com devoção, o religioso recita frases prontas.
34.   O discípulo faz, o religioso promete.
35.   O discípulo é autêntico, o religioso é hipócrita.
36.   O discípulo é paciente, o religioso é imediatista.
37.   O discípulo é “outrocêntrico”, o religioso é egocêntrico.
38.   O discípulo busca a santificação, o religioso busca a satisfação.
39.   O discípulo quer a vontade do Mestre, o religioso só faz o que quer.
40.   O discípulo compartilha o Evangelho, o religioso escandaliza o Evangelho.

É isso...

- pr Aécio -

terça-feira, 8 de novembro de 2011

MISSÕES - DA EUFORIA À FRUSTRAÇÃO

Em razão da proximidade da nossa Conferência Missionária tenho pensado quase que diuturnamente sobre assuntos relacionados a missões e , confesso, tenho sido tomado por um misto de euforia e frustração. Euforia por se tratar de um tema que há mais de duas décadas faz parte da minha vida, que realmente dá sentido e ânimo na minha caminhada – para mim, qualquer expressão de cristianismo sem o mínimo conteúdo missionário é como pastel sem recheio.

Quanto à frustração, se dá pela mórbida e intrigante certeza de que para a grande massa, a grande maioria, tudo vai continuar igual! Como gostaria que fosse diferente disto, que estivesse totalmente enganado! Mas tem sido assim e, pelo jeito, vai continuar assim por muito tempo! As igrejas e os crentes modernos são altamente resistentes a missões... É como se fosse uma grande conspiração contra a Suprema Tarefa da Igreja! Uma gigantesca conspiração, onde, sem muito esforço a gente pode observar muitos comportamentos nada missionários. Não sei quanto aos leitores, mas existem algumas coisas que vejo e que me incomodam, as quais passo a descrever a seguir.

Vejo movimentos “gospel” com cara de oba-oba inútil por aí abarrotados de gente disputando ingressos e lugares, mas não observo a mesma gana quando o assunto é missões!

Vejo os tais “encontros” bestas que levam milhares de crentes ao encontro de tudo que dão prazer imediato, porém, ineficazes e incapazes de leva-los a um encontro real com Deus e ao encontro daqueles que estarão pra sempre perdidos se não forem tocados por nossas orações, palavras e testemunho!

Vejo muitos programas, shows e demais atrações inúteis voltados para o mero entretenimento e diversão de crentes que deveriam se dedicar um pouco mais para clamar, chorar e gemer diante de Deus por aqueles que ainda estão debaixo do jugo de Satanás, dominados em culturas milenares, vítimas de costumes diabólicos , amarrados por tradições absurdas e enganados por religiões e filosofias hostis.

Vejo também tantos seminários banais que destilam repetecos de coisas ultrapassadas, muitas vezes disfarçadas em discursos novidadescos, rebuscados e maquiados pela utilização dos recursos de mídia.

Vejo um número crescente de pessoas metidas a entendidas de missões, “mauricinhos” e  “patricinhas” cheirando a biblioteca e a shopping center, metidos a experts em missões sem ter a mínima convicção, comprometimento e, o pior, sem a mínima experiência e preparo práticos em missões!
  
Vejo com pesar os burocratas e intelectuais desfilando nos Congressos requintados das estâncias e hotéis caríssimos, que gostam de posar pra fotos e vídeos que mais fazem propaganda deles mesmos do que das reais necessidades dos missionários e respectivos campos!

Vejo as muitas agências, instituições e organizações missionárias que mais parecem novas denominações ou extensões destas, que concentram renda e pessoas em bases e campos para “chover no molhado”, que não se ocupam em desbravar lugares inexplorados, que preferem se juntar a igrejas e grupos já estabelecidos em campos há muito evangelizados.

Vejo uma geração de pastores e líderes cegos de tudo, ou com visões paroquianas tão medíocres que reduzem o Reino a um 4X4 monótono, que alienam seus rebanhos das necessidades mundiais no que diz respeito aos povos ainda não alcançados, que reduzem a dinâmica do cristianismo a cultos, dízimos, ofertas e datas de calendário.

Aquele que vier a pensar que tudo o que escrevi até aqui é apenas o destilar de decepções e frustrações fique à vontade para usar deste direito, mas lembre-se que “o pior cego é aquele que não quer ver”.  -  pr Aécio