quarta-feira, 11 de maio de 2011

DIÁRIO DE UM DESVIADO - PARTE 2

Dez, 31, Domingo, 17:25 - Natal sem graça... Véspera de ano novo pior ainda, mais tédio... Datas horrorosas... Nunca entendi este negócio de "festas de fim de ano"... Comércio puro... Não vejo a hora de passar essa euforia burra... Não sei que alegria que todo mundo sente... Mais um ano se acaba e minha vida continua péssima... Que zica!

Ano 2007

Jan, 10, Quarta-feira, 13:05 – Enfim uma notícia boa: Uma agência de emprego me chamou pra entrevista. O que vier eu traço... Chega de ouvir a velha falar, falar...Hora de tirar a profissão da gaveta... Comércio Exterior aí vou eu!

Fev, 16, Sexta-feira, 09:00 - Meu chefe é mala... Os colegas mais ou menos... Tem um puxa-saco que preciso ficar de olho... Fiz amizade com três, uma é a Gigi (linda)... Um mês e o chefe mal olhou na minha cara, nem elogiou meu trabalho, quando bati a meta de vendas pra Argentina... Nem um aperto de mão... Deve ser o jeito dele... O lado bom é que recebo hoje... UUh! Amanhã tem balada pra comemorar...

Maio, 23, Segunda-feira, 06:30 – A mãe já tá de olho na minha grana... Jogou um monte de contas na minha mão... Condomínio, telefone... Caramba! Quase R$ 700,00... Assim não dá... Ela tá cada vez mais envolvida com a igreja... Acho que o dinheiro dela vai todo pra lá... Hummm... Este mês já fiquei no vermelho e ela nem sonha... Meus finais de semana estão cada vez mais caros... Detonei o cartão viajando com aquela patricinha na semana passada...A velha nem sonha que tô nesta situação...

Jun, 12, Terça-feira, 11:15 – Hoje vai ter um monte de crente lá em casa... Já disse pra mãe não fazer estas coisas em casa... Faz muito tempo que deixei este negócio de igreja pra lá e ela precisa respeitar minha opinião: Não quero mais saber disto, droga!... Parece que quer me fazer voltar a ser crente... Tô fora... Sermão agora, só do chefe, e olhe lá... Vou chegar o mais tarde possível e depois dou umas desculpas... Igreja nunca mais!

Jun, 13, Quarta-feira, 15:55 – O cara da igreja da minha mãe ficou me esperando ontem à noite.... Cheguei quase 11 da noite e o cara lá... Até que foi legal... Mas ele tinha que perguntar se eu pensava na morte? Quem vai pensar na morte na minha idade? Se ele pensa é problema dele!... Mas aquele negócio de juízo final é meio tenso... Não gostei de ouvir aquilo não... A história do tal de Lázaro e do magnata que morreram, e depois foi cada um pra um lado é estranha... Lembrei-me de quando sonhei que era aquele ricaço no inferno depois de uma pregação... Inferno é aqui... Depois tudo se acaba...

Jul, 27, Sexta-feira, 21:00 – Um triz e aquele cara me mata... Que raiva ter sido assaltado... Meu notebook, meu celular e todos os documentos se foram, mas tô vivo... Minha mãe disse nos últimos dias vem sentindo uma coisas ruins a meu respeito quando ora... Eu hein!... Pode ser o tal do sexto-sentido... Ela fala que é Deus, pra mim não é não... Bom, o que importa é que escapei com vida... Agora é correr atrás do prejuízo... Ela disse que deveria ir à igreja neste final de semana pra agradecer... Agradecer o quê se só tive prejuízo! Crente tem cada uma... Fico em casa hoje... O final de semana todo...

Set, 07, sexta-feira, 07:00 – Feriado prolongado... Estreando carro novo na estrada... A galera sai daqui a pouco pro litoral... Dessa vez a Gigi vai, e talvez consiga ficar com ela agora... Achei minha velha meio depressiva estes dias... Desde a separação ela tem estes altos e baixos... Deixa-la sozinha neste estado é muito ruim, mas tá tudo combinado... Vou ficar ligando pra saber dela e vai ficar tudo bem... Mas acho que é armação pra chamar minha atenção... Espero!

- pr Aécio
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Obs.: Todos os nomes, datas e eventos são fictícios. É só uma reflexão.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM A FAMÍLIA EVANGÉLICA BRASILEIRA?

Não é nada fácil responder esta pergunta hoje em dia.
Não dá pra ser reducionista nesta hora.
A gente precisa respirar fundo, pensar, refletir, analisar e aí sim, podemos iniciar uma discussão sobre um dos assuntos que ainda não preocupa (nem ocupa) devidamente as lideranças evangélicas em nosso país, e que já está causando grandes estragos no testemunho da igreja por aqui – se pensarmos em termos de futuro, então, o imbróglio toma dimensões gigantescas.

Do pecado familiar que Deus odeia, o divórcio (Ml 2.4), aos pecados grosseiros que assemelham famílias evangélicas a quaisquer famílias que não confessam ou praticam religião alguma, podemos encontrar de tudo. Vícios, violência doméstica, abuso sexual, adultério, fornicação, idolatria, desprezo, falta de perdão e inúmeros outros desvios podem ser encontrados com certa facilidade em grande parte de lares de pessoas que enchem nossas igrejas todos os domingos.

Talvez, o que mais prejudica o debate em torno dos temas que abordam as famílias evangélicas é a hipocrisia. Sim, somos um povo dado à hipocrisia quando a questão é tratar objetivamente dos pecados que assolam nossas casas, visto que somos “santarrões” demais e não queremos expor nossa privacidade... Privacidade que muitas vezes disfarça a infelicidade de casais que amargam uma eterna “lua de fel”; que oprime filhos sistematicamente torturados em ambientes nada saudáveis. Tudo isto em nome de uma fachada da fé vazia e da consequente religião inócua. Porém, leiamos o que o apóstolo Paulo escreve em II Tm 5.8: “Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel.”.

Nem mesmo os púlpitos escapam. A infelicidade está estampada no rosto de muitas mulheres de pastores e demais ministros evangélicos, que já não aguentam mais assistirem seus maridos se desdobrando pra dar atenção a todos fora de casa, enquanto seu lar carece de relacionamentos sólidos, saudáveis. Esta observação também serve para mulheres que se dedicam demasiadamente aos trabalhos da igreja e negligenciam suas casas, maridos e filhos. Cansei de ver irmãs líderes dos chamados “círculos de oração” não perceberem que suas casas estavam se transformando em verdadeiros “círculos do cão”. Também já não me causa estranheza saber que muitos jovens crentes, nascidos no chamado “berço evangélico” estão se tornando depressivos, rebeldes e até mesmo resistentes ao Evangelho – dentre eles, uma boa parcela envereda pelo mundo das drogas, prostituição e até na marginalidade! Falando nisto, já ouvi vários rumores de que, o que não faltam nas unidades das diversas instituições prisionais, são os “filhos de crentes”; doutrinados nas igrejas de crentes; criados por pais crentes e ensinados na fé dos crentes. Por que será?! As respostas para esta e para pergunta tema não são fáceis assim, eu sei. 

Mas a gente não pode simplesmente aceitar passivamente o que está aí. A Igreja tem papel determinante para resgatar e restaurar as famílias que estão sendo sistemática e brutalmente acossadas e assoladas covardemente pelo diabo, que se utilizando de todos os recursos do mundo (que “jaz no maligno”) não tem encontrado a devida resistência em nossas casas. Por displicência? Por ignorância? Por comodismo? Por estupidez?

Creio que é possível revolucionarmos nossos lares com ações que a priori podem não parecer simples – talvez por nunca as termos praticado, ou por as termos deixado cair no desuso. Entretanto, se conseguirmos transformar estas mesmas ações em hábitos presentes em nosso dia veremos a “... diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus, e o que não o serve.” (Ml 5.18).

Proponho uma pequena lista de ações que podem ajudar a começar o processo de resgate e restauração de um lar:

• Estabelecer o momento devocional em família (oração acompanhada de leitura e reflexão da Bíblia).
• Separar um tempo para estarem juntos, para dialogar e se relacionar (em torno da mesa ou no lazer).
• Expressar amor e prazer em estar em família.
• Mostrar humildade em perdoar e conceder perdão.
• Confessar publicamente, em família, quando cometer pecados relativos a ela própria.
• Reafirmar e praticar valores morais e éticos.
• Celebrar juntos os momentos de conquistas e festas.
• Sentir as dores uns dos outros.
• Ter compromisso com o Reino, consagrando cada um seus dons, servindo numa igreja local.
• Reconhecer a necessidade de auxílio (de conselheiros, mentores, etc.).
• Demonstrar afeto, cordialidade e romantismo.

Dadas as implicações que envolvem cada família em particular, pode ser que a lista acima não seja (ou não contenha) a reposta para todos os problemas, mas penso que com um pouco de esforço ela pode inspirar e motivar a todos na direção de um grande (re)começo!

- pr Aécio -