sábado, 24 de dezembro de 2011

CELEBREMOS A JESUS

A todos os irmãos e amigos, queremos desejar um Natal em Jesus!
Que seja um dia cheio da Sua Graça!

Em poucos dias se calarão os sons das festas, e os presentes serão esquecidos num canto qualquer, mas Ele permanece para sempre!!!

Lembremos também nesse dia que " o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo." 
(Rm 14.17).

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O DISCIPULADO E O DESAPEGO – LUCAS 14.26

Uma das característica mais intrigantes da mensagem de Jesus é a questão do desapego, principalmente em se tratando das coisas que estão intrinsecamente conectadas com nossas relações afetivas e nosso bem estar – dois aspectos altamente complexos e melindrosos. Afinal, convivência familiar e garantia de vida são bens inestimáveis, que nenhuma pessoa em sã consciência pretende sequer arriscar, quanto mais perder
 
Não, sinceramente não creio que Jesus estava colocando os discípulos contra a parede no sentido de que eles fizessem uma escolha absurda do tipo “ou isto ou aquilo”. O que o discurso de Jesus deixa explícita é a necessidade dos discípulos reconhecerem a real dimensão da opção pelo novo e arriscado estilo de vida. Eles precisariam se submeter às “regras” ou “Leis do Reino” de tal forma que isso lhes exigiria uma decisão muito firme. Tal decisão deveria ser suficientenmente segura a ponto de mantê-los inabaláveis na nova fé,  mesmo quando seus entes mais próximos e queridos tentassem demovê-los; ou ainda mesmo que suas vidas fossem ameaçadas. Esta seria, em outras palavras, a prova de fogo que definiria quem era discípulo de fato, e quem não era.

Relativamente ao aspecto das relações familiares, ou afetivas como chamei no início, não é novidade pra ninguém que a opção religiosa pode se tornar um tremendo divisor de águas, quando tradições e paradigmas estabelecidos são alterados. Muitas vezes, pessoas que rompem com os preceitos religiosos comuns ao seu meio familiar, decidindo abraçar uma nova fé, correm no mínimo sérios e reais riscos de ouvirem frases ameaçadoras mais ou menos assim: “Você tem que seguir a religião de seus antepassados!”, “Deus deixou só uma religião, e a nossa é a certa!” ou “Se mudar de religião esquece que tem família!”, e por aí vai. Há lugares, por exemplo, em que é preferível um familiar morto do que convertido a uma fé ou religião diferente ao do restante do clã!

Se o risco de perder ou romper com os vínculos afetivos já é por si só algo que extrapola e desafia nossos sentimentos, o que dizer de perder a própria vida (leia-se também liberdade, identidade, conforto, etc.)?! Pois é, sem rodeios, Jesus diz que “não pode” ser Seu discípulo aquele que não abrir mão de sua própria vida por Ele e por Sua mensagem. Num primeiro momento, esta proposta parece radical demais. Porém, se a examinarmos com um pouco mais de atenção, poderemos observar que é mais simples do que imaginamos, haja vista o consenso de que só nos dispomos a dar nossas vidas por aquilo em que realmente acreditamos de todo coração – há quem perca a vida por coisas e ideais muito menos elevados, então, por quê não perderíamos por Aquele que nos garante a vida eterna?  -  pr Aécio

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

PESSOAS E COISAS

Que as relações humanas em nossos dias estão cada vez mais comprometidas em razão de um fenômeno comportamental batizado informalmente de “coisificação” todo mundo sabe. O que pouca gente sabe, finge não saber ou se esforça por não saber, é que há como evitar, e até reverter mais este flagelo que parece ter nascido do útero da era pós-moderna – época em que se atribui tanto ou mais valor às máquinas e aparelhos, em detrimento às pessoas e aos relacionamentos interpessoais.

Num passado não tão distante, por exemplo, as amizades eram mais calorosas e, digamos, menos interesseiras. Para ser parte do grupo ou da turma há alguns anos não se exigia a aparência X ou Y, nem a posse de um iPod, a última novidade em celular ou a mais nova sensação em Tablet. Naquele tempo até que havia modismos e tendências, mas não tão autoritárias e violentas como hoje em dia, a ponto de fazer com que alguns excluam de suas relações quaisquer possibilidades de amizade com aqueles que não se vestem ou não se comportam como os demais de sua “tribo”.

Outro exemplo, são os tipos de relacionamentos comuns nas redes sociais da internet. O que para muitos é um avanço, para mim é um retrocesso homérico. Ser adicionado na lista de amigos virtuais na mentalidade moderna é sinônimo de aproximação, porém, entendo que em boa parte dos casos pode ser mais um fator de desagregação e distanciamento.

Pessoas que antes encontravam prazer no ato de passar horas batendo papo ou, no velho jargão, “jogando conversa fora” com amigos, parentes e vizinhos, hoje se contentam com os efêmeros “e aí? ... Blz?” do MSN, com uma clicada no “curtir” do Facebook ou com os duvidosos “scraps” no seu Orkut. Para mim, isto está mais para racionamento de amizade do que relacionamento de amizade, não é?! Vale ainda observar que as amizades neste campo além (ou será aquém?) do físico é tão frágil que basta um dia estressante para fingirmos que estamos “ausentes”, “ocupados”, “off line” ou nos desculparmos com frases prontas do tipo “não tive tempo de entrar na net esta semana”, que “o PC estava com vírus e juro que não recebi seu último e-mail”, etc.

Pode parecer ingenuidade, mas acredito que evitaríamos cair na teia da “coisificação” dando mais atenção àquelas pessoas que estão à nossa volta, mostrando real interesse por seus problemas e mostrando que temos prazer em estar com elas. Poderíamos tomar mais chás e cafés juntos; poderíamos almoçar e comer pizza mais frequentemente com familiares e amigos que há muito não sabemos por onde andam. Assim, tiraríamos os olhos do brilho das frias telas e fixaríamos nosso olhar no brilho do olhar dos outros, provavelmente acessando lugares em seus corações aonde a pesquisa do Google não chega!

Penso também que reverter este processo depende de uma decisão pessoal, uma mudança de atitude. Será possível quando as pessoas forem mais importantes que nossas agendas, empregos, cursos e demais ocupações. Quantas vezes, na tentativa de nos esquivarmos daqueles que nos reclamam um pouco atenção usamos nossas agendas como escudo? Outras vezes, achamos que podemos perder o amigo, mas o emprego ou um dia de curso não!

Com um pouco de boa vontade e sensibilidade, em pouco tempo nos (re) condicionaríamos, se abandonarmos este estranho e impiedoso jeito de tratar as pessoas como se fossem coisas e vice-versa. - pr Aécio

terça-feira, 22 de novembro de 2011

DISCÍPULO OU RELIGIOSO?

No domingo anterior iniciei uma série de pregações baseada em Lucas 14.25-35. Esta passagem foca um dos assuntos mais sérios no que tange à vida cristã, que é o discipulado.
Todo mundo sabe que a maioria das igrejas não está nem aí pro assunto. Basta dar uma olhada na qualidade do testemunho de uma grande parcela dos cristãos de hoje pra gente chegar a esta triste conclusão.

Essa é a verdade que incomoda aqueles que são meros religiosos. Estes não passam de visitantes de igrejas aos domingos, ávidos por bênçãos, milagres, festas e eventos atrativos promovidos aqui ou acolá.

Apesar de haver grandes discrepâncias entre um discípulo e um mero religioso, não é tarefa de poucos minutos descobrir entre um e outro. No entanto, se compararmos alguns aspectos simples veremos com nitidez – como naquele jogo onde temos que encontrar os erros entre duas figuras aparentemente iguais. Abaixo, linha a linha estabeleço alguns contrastes entre ambos, baseados nas minhas próprias observações ao longo de quase 25 anos de experiência cristã:

1.       O discípulo segue de perto, o religioso acompanha à distância.
2.       O discípulo se doa voluntariamente, o religioso busca vantagens.
3.       O discípulo assume os riscos, o religioso foge dos riscos.
4.       O discípulo ama sacrificialmente, o religioso gosta.
5.       O discípulo abre mão de tudo pra seguir, o religioso agarra-se ao fútil.
6.       O discípulo faz uma positiva diferença em seu meio, o religioso é indiferente em qualquer meio.
7.       O discípulo não escolhe tarefas, o religioso só faz o que agrada.
8.       O discípulo sofre pelos outros, o religioso ocupa-se apenas consigo mesmo.
9.       O discípulo é verdadeiro, o religioso é dissimulado.
10.   O discípulo é humilde, o religioso é altivo.
11.   O discípulo paga o preço pra servir, o religioso só serve por um preço.
12.   O discípulo perdoa, o religioso contabiliza as falhas alheias.
13.   O discípulo prioriza o Reino, o religioso tem seu próprio reinado.
14.   O discípulo é obediente, o religioso é autoritário.
15.   O discípulo ajuda a carregar as cargas, o religioso quer cargos.
16.   O discípulo vive aprendendo, o religioso pensa saber tudo.
17.   O discípulo confia na justiça divina, o religioso é vingativo.
18.   O discípulo é “sim, sim e não, não”, o religioso é instável.
19.   O discípulo é amigo, o religioso é interesseiro.
20.   O discípulo é maleável, o religioso é inflexível.
21.   O discípulo busca a paz, o religioso adora uma contenda.
22.   O discípulo procura viver a Bíblia, o religioso tem uma Bíblia.
23.   O discípulo discerne, o religioso julga.
24.   O discípulo almeja, o religioso inveja.
25.   O discípulo espera ser exaltado, o religioso se exalta.
26.   O discípulo ama o anonimato, o religioso quer o estrelato.
27.   O discípulo se alegra com pouco, o religioso sempre quer mais.
28.   O discípulo serve, o religioso quer ser servido.
29.   O discípulo é perseverante, o religioso é inconstante.
30.   O discípulo é generoso, o religioso é mesquinho.
31.   O discípulo constrói pontes, o religioso levanta muros.
32.   O discípulo conquista, o religioso manipula.
33.   O discípulo ora com devoção, o religioso recita frases prontas.
34.   O discípulo faz, o religioso promete.
35.   O discípulo é autêntico, o religioso é hipócrita.
36.   O discípulo é paciente, o religioso é imediatista.
37.   O discípulo é “outrocêntrico”, o religioso é egocêntrico.
38.   O discípulo busca a santificação, o religioso busca a satisfação.
39.   O discípulo quer a vontade do Mestre, o religioso só faz o que quer.
40.   O discípulo compartilha o Evangelho, o religioso escandaliza o Evangelho.

É isso...

- pr Aécio -

terça-feira, 8 de novembro de 2011

MISSÕES - DA EUFORIA À FRUSTRAÇÃO

Em razão da proximidade da nossa Conferência Missionária tenho pensado quase que diuturnamente sobre assuntos relacionados a missões e , confesso, tenho sido tomado por um misto de euforia e frustração. Euforia por se tratar de um tema que há mais de duas décadas faz parte da minha vida, que realmente dá sentido e ânimo na minha caminhada – para mim, qualquer expressão de cristianismo sem o mínimo conteúdo missionário é como pastel sem recheio.

Quanto à frustração, se dá pela mórbida e intrigante certeza de que para a grande massa, a grande maioria, tudo vai continuar igual! Como gostaria que fosse diferente disto, que estivesse totalmente enganado! Mas tem sido assim e, pelo jeito, vai continuar assim por muito tempo! As igrejas e os crentes modernos são altamente resistentes a missões... É como se fosse uma grande conspiração contra a Suprema Tarefa da Igreja! Uma gigantesca conspiração, onde, sem muito esforço a gente pode observar muitos comportamentos nada missionários. Não sei quanto aos leitores, mas existem algumas coisas que vejo e que me incomodam, as quais passo a descrever a seguir.

Vejo movimentos “gospel” com cara de oba-oba inútil por aí abarrotados de gente disputando ingressos e lugares, mas não observo a mesma gana quando o assunto é missões!

Vejo os tais “encontros” bestas que levam milhares de crentes ao encontro de tudo que dão prazer imediato, porém, ineficazes e incapazes de leva-los a um encontro real com Deus e ao encontro daqueles que estarão pra sempre perdidos se não forem tocados por nossas orações, palavras e testemunho!

Vejo muitos programas, shows e demais atrações inúteis voltados para o mero entretenimento e diversão de crentes que deveriam se dedicar um pouco mais para clamar, chorar e gemer diante de Deus por aqueles que ainda estão debaixo do jugo de Satanás, dominados em culturas milenares, vítimas de costumes diabólicos , amarrados por tradições absurdas e enganados por religiões e filosofias hostis.

Vejo também tantos seminários banais que destilam repetecos de coisas ultrapassadas, muitas vezes disfarçadas em discursos novidadescos, rebuscados e maquiados pela utilização dos recursos de mídia.

Vejo um número crescente de pessoas metidas a entendidas de missões, “mauricinhos” e  “patricinhas” cheirando a biblioteca e a shopping center, metidos a experts em missões sem ter a mínima convicção, comprometimento e, o pior, sem a mínima experiência e preparo práticos em missões!
  
Vejo com pesar os burocratas e intelectuais desfilando nos Congressos requintados das estâncias e hotéis caríssimos, que gostam de posar pra fotos e vídeos que mais fazem propaganda deles mesmos do que das reais necessidades dos missionários e respectivos campos!

Vejo as muitas agências, instituições e organizações missionárias que mais parecem novas denominações ou extensões destas, que concentram renda e pessoas em bases e campos para “chover no molhado”, que não se ocupam em desbravar lugares inexplorados, que preferem se juntar a igrejas e grupos já estabelecidos em campos há muito evangelizados.

Vejo uma geração de pastores e líderes cegos de tudo, ou com visões paroquianas tão medíocres que reduzem o Reino a um 4X4 monótono, que alienam seus rebanhos das necessidades mundiais no que diz respeito aos povos ainda não alcançados, que reduzem a dinâmica do cristianismo a cultos, dízimos, ofertas e datas de calendário.

Aquele que vier a pensar que tudo o que escrevi até aqui é apenas o destilar de decepções e frustrações fique à vontade para usar deste direito, mas lembre-se que “o pior cego é aquele que não quer ver”.  -  pr Aécio

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

QUANDO A INCOMPREENSÃO SE TORNA BENÇÃO

José é um personagem bem conhecido por todos, ainda que tenham o mínimo conhecimento das histórias bíblicas. Desde sua infância, ele foi marcado por algo nada agradável: a incompreensão.

José era um sonhador que, para muitos, vivia no “no mundo da lua”. Para outros poderia ser um sujeito meio esquisito, que “brisava” o tempo todo.
Posso imaginar José com olhar perdido pensando no sonho do último cochilo. Aquele em que até astros e estrelas se dobravam perante ele. Posso imaginar sua cara de espanto quando relatou ao seu pai que havia sonhado com isso – o que lhe rendeu numa bronca sem tamanho.

Ser incompreendido é viver perigosamente, no fio da navalha. A qualquer momento alguém vai te pegar! Dito e feito: José foi vítima de uma trama de seus próprios irmãos que já não suportavam mais aquele “sonhador”. Como se não bastasse humilhá-lo e lança-lo num poço, por fim o venderam a preço de banana, ou melhor pelo preço de um escravo barato... Que dureza! O sujeito que sonha com astros e estrela se dobrando perante ele se vê, de repente, mercadoria de segunda!

Um tempo depois, mesmo como escravo, parecia que José desfrutava de um tempo de calmaria. Prosperou na casa de seu senhor, Potifar, o nobre egípcio que o arrematou no mercado de escravos.

Mas, quando alguém é incompreendido parece que o clima muda o tempo todo!
Tudo ia muito bem, até que a esposa de seu dono quis dar uma investida sobre o pobre escravo. Mas ela não percebeu que José era diferente dos demais, que se tratava de um homem temente, que amava a seu Deus, que levava seu trabalho a sério e respeitava profundamente os princípios do matrimônio.

Foi uma surpresa para a mulher de Potifar ver todo seu charme e assédio não valerem pra nada. Afinal, José não era daquele tipo que se deixava levar por cantadas baratas ou qualquer outro melindre de mulheres fúteis. Gente assim, quase sempre é incompreendida mesmo! Quem vai entender um sujeito que, em nome de princípios, valores éticos e morais, prefere arriscar seu trabalho e sua própria vida – diferentemente de outros tantos que afrouxam aqui e ali, mentem, enrolam e até subornam para não perderem esta ou aquela condição.

Mas, não acabou a história de José. Ele ainda foi preso, vítima da falsa acusação de ter dado em cima da mulher do patrão, etc. Ironia? Despeito? Tudo isto somados à injustiça mesmo – e da grossa!

Por fim, a virada na vida deste homem que se tornou alvo da incompreensão daqueles que estavam ao seu redor ou cruzaram seu caminho veio quando ele menos esperava. Depois de um longo período na prisão, aquilo que parecia uma interminável saga de frustrações termina de maneira triunfante. O incompreendido José se torna governador sobre uma grande e poderosa nação, o Egito! Sim, o moço desprezado pela família, o escravo aviltado, o preso acusado injustamente, agora um estadista! Sua família, seus ex-proprietários e algozes agora são seus súditos. Ironia? Despeito? Não, não, justiça de Deus mesmo! Como diria o velho ditado “nada como dia após o outro” – ou, nada como uma incompreensão após a outra!  -  prAécio

(Esta reflexão é baseada em Gênesis, capítulos 36 a 47)

terça-feira, 13 de setembro de 2011

ENQUANTO ISSO…


Enquanto nos debatemos em nossas (muitas vezes) estúpidas discussões teológicas e doutrinárias, milhões partem para a eternidade sem nunca ouvir acerca da sabedoria de Deus revelada para a salvação do homem, Jesus Cristo.

Enquanto nos digladiamos em nossas "arenas", que chamamos carinhosamente de igrejas locais ou congregações, milhões morrem de fome todos os dias. Só na Somália, 700 mil delas – em sua grande maioria crianças – perecerão nos próximos meses por não terem o direito sagrado de comer sequer um prato de arroz. Mas nós desperdiçamos dinheiro no McDonald’s e praticamos um pecado tão terrível como a feitiçaria ou prostituição em churrascadas e pizzarias, a glutonaria.

Enquanto desfilamos em marchas e fazemos movimentos que mais disputam números estatísticos com outros movimentos seculares; enquanto lotamos casas de shows para a gravação de novos DVDs, o Movimento de Missões começa a perder velocidade, dá sinais de enfraquecimento e paralização. Não poupamos para quando nas grandes produções artísticas, mas vergonhosamente ofertamos míseros trocados para missionários.

Enquanto construímos grandes monumentos que, quando muito, mudam a cara e a paisagem urbanas, as casas que poderiam ser edificadas para habitação de Deus – homens, mulheres, crianças e velhos – continuam em ruínas, destruídos pelo pecado, ignorando as verdades do Evangelho da Salvação.

Enquanto nos divertimos em retiros de lazer, nas festas de aniversários de nossas igrejas, em congressos exibicionistas e outros eventos que enchem nossos olhos e estômagos, milhões de desterrados clamam amargamente por causa das catástrofes e guerra; choram seus mortos e lamentam suas desgraças.

Enquanto gastamos milhões na produção e consumos de literaturas de autoajuda e confissão positiva – que em sua em sua grande maioria representam um monte de lixo – milhares de povos, com idiomas e dialetos distintos, ainda não possuem um único versículo bíblico traduzido.

Enquanto decidimos entre a compra de um carro importado ou nacional; ou planejamos se viajamos para o Nordeste brasileiro ou para o exterior, milhões, em razão de nossa covardia, não terão a oportunidade de escolher entre céu ou inferno.

Enquanto você fica indignado (à favor ou contra) por causa do teor desta mensagem saiba que Deus está tremendamente indignado com sua inércia, sua rebelião e desobediência. Deus está zangado com você que gasta muito tempo com futilidades, e nenhum período intercedendo pelos povos da terra; Ele reprova sua volúpia por consumir superfluidades e recusa em ofertar para missões. Ele detesta sua resistência em não aceitar o chamado para ser um fiel representante do Reino onde quer que esteja, ou pra onde quer que Ele te envie! – pr Aécio

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

ANTES QUE SEJA TARDE DEMAIS

No dia em que recebi a Cristo como Salvador, e entreguei minha vida para Ele, recebi de um cobrador de ônibus poucas horas após minha decisão um folheto com este título. Para mim, aquilo soou como uma confirmação do que havia ocorrido momentos antes, visto que ainda pairavam em meus pensamentos um turbilhão de ideias, impressões, etc., e, dentre eles, aquele que nos faz achar que não é preciso levar a fé tão a sério a ponto de deixar de fazer as mesmas coisas que sempre fizemos (baladas, farras, vícios, etc.) – afinal, para muitos,  a religião é apenas mais um ingrediente para suas vidas, nada mais.

“Antes que seja tarde demais” ficou marcado como um alerta, um aviso de que não sou dono do tempo, muito menos senhor dos acontecimentos ou eventos aos quais estou sujeito. Não me refiro especificamente a questões trágicas, como a morte ou doenças, por exemplo. Mas, há muitas outras coisas que podem acontecer e paras as quais precisamos estar atentos e nos anteciparmos, antes que elas nos privem das oportunidades do presente e do futuro, ou que nos tragam amargas decepções.

Procrastinar é atitude dos fracos, dos covardes e preguiçosos. Deixar o que deve ser feito para amanhã é argumento de pessoas de caráter dúbio, de quem talvez não seja digno de total confiança.

Muitas vezes nos arrependemos por não termos dito ou feito algo que poderia evitar esta ou aquela dor de cabeça, então, só restam lamentos do tipo “Se eu tivesse feito ou dito isto ou aquilo quem sabe não seria diferente!”.

“Antes que seja tarde demais” é um incentivo para que você leitor, tome decisões urgentes em dizer e fazer tudo aquilo que deve ser dito e feito hoje, agora! Haja o que houver e doa em quem doer, mas fale e faça com a sabedoria que o Senhor pode lhe dar, aproveitando bem o tempo, discernindo as oportunidades e estando um passo a frente dos acontecimentos.
“Os únicos limites das nossas realizações de amanhã são as nossas dúvidas e hesitações de hoje.” (Franklin Roosevelt).
 - pr Aécio

sábado, 6 de agosto de 2011

O CRISTIANISMO MODERNO É MARAVILHOSO...

Maravilhosamente omisso em matéria de testemunhar do amor de Deus, rejeitando o mandato da Grande comissão – ao que transformaram em “Grande Omissão”.

Maravilhosamente conturbado pelas divisões, disputas de rachas denominacionais; pelas discrepâncias teológicas e ideológicas.

Maravilhosamente preguiçoso em matéria de oração e intercessão – afinal, nossos cultos e reuniões de oração são sempre vazios, não é?!

Maravilhosamente hipócrita em matéria de “amar o próximo como a si mesmo”, principalmente quando o próximo se aproxima demais e precisa de ajuda, de conselho e atenção.

Maravilhosamente esvaziado de conteúdo e essência – estas, preteridas em detrimento aos cultos performáticos e ministros megalomaníacos.

Maravilhosamente alheio aos processos de transformação da história, da sociedade e da cultura de seu tempo.

Maravilhosamente conivente com as políticas capitalistas, com o espírito de consumismo reinante e todas as ofertas que esSes comportamentos diabólicos podem dar.

Maravilhosamente afetado pelos discursos sonolentos, proferidos por pregadores presos na sabedoria forjada nas academias, os quais sistematicamente abandonam a plenitude e a dependência do Espírito Santo, que é a verdadeira sabedoria.

Maravilhosamente questionável quando o assunto é o testemunho das lideranças que, no intuito de tirar proveito pessoal, tiram a lã, consomem a carne e roem os ossos das ovelhas.

Maravilhosamente performático em sohws, conferências e programas midiáticos, mas estupidamente falho no cuidado daqueles que são feridos pela ausência de cuidado e relacionamentos saudáveis.

Maravilhosamente divorciado do discipulado consequente e responsável, que foi sufocado pela medíocre preocupação em encher templos à custa da lei da oferta e procura.

Maravilhosamente carente de homens e mulheres que queiram servir e atrair esta geração para Cristo, mas altamente comprometido por homens e mulheres que tornaram-se celebridades e acham que isto é o bastante!

- pr Aécio -

(PUBLICADO SIMULTANEAMENTE NO IBEROSAMPA)

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

“VÍCIOS” PRESENTES NA PRÁTICA DA LIDERANÇA CRISTÃ - PARTE 5 (FIM)

 LEIA  A PARTE 1 AQUI     /     LEIA  A PARTE 2 AQUI     /     LEIA  A PARTE 3 AQUI     /     LEIA  A PARTE 4 AQUI    


DOMÍNIO

Parece que algumas pessoas quando chegam à posição de liderança passam a sofrer de uma espécie de prazer pelo domínio, como se exercer poder sobre outras pessoas lhes causa satisfação, prazer. Resolvi usar o termo "prazer" sem nenhuma malícia, mas sim como uma figura de linguagem. Porém, ele serve tanto para ilustrar, como para alertar sobre a existência deste comportamento maléfico em lideranças que podem causar todo tipo de desconforto em ambientes coletivos, além de levar indivíduos a adquirirem doenças psicossomáticas e traumas muitas vezes irreversíveis.
Também classifico líderes fascinados pelo domínio como "predadores”, em razão da violência com que muitas vezes empreendem suas investidas, ainda mais quando se sentem ameaçados ou desafiados em seus postos.

Pois é, nem mesmo líderes cristãos escapam desta característica cruel, há inclusive aqueles que chegam às raias da insanidade quando o intuito é subjugar aos que deveriam ser tratados como cooperadores, co-servidores, colegas no mínimo, não escravos.
Lamentavelmente não só nos circuitos de empresas, organizações ou instituições, mas mesmo nas igrejas, existem líderes que levam uma infinidade de pessoas a sofrerem pelo que convencionou-se chamar de assédio moral ou mesmo bullying– nomes simpáticos para um crime passível de pena.
Obviamente que os líderes que assim procedem podem sofrer de distúrbios que remontam seus passados e suas histórias pessoais (nestes casos deve-se apelar para a área da psicologia que estuda os fenômenos comportamentais), ou então, passam a agir desta forma por não terem habilidade, formação e preparo para lidarem com a autoridade e poder conferidos.
  
PERSONALISMO

Existem líderes extremamente narcisistas, que amam contemplar a si mesmos, de ver suas imagens refletidas nos seus liderados.

Líderes personalistas querem suas digitais em tudo e em todos. Grupos ou equipes lideradas por pessoas acometidas deste vício tendem a se transformar num aglomerado de “clones”.
Aqui no Brasil, por exemplo, não são raros os pregadores e demais obreiros das igrejas de mercado serem treinados a falarem como seus lideres – não só isto: eles até oram igualzinho, com sotaque, jargões e tudo! Todos agindo como se fossem soldadinhos de um grande exército de bonecos, reproduzindo em si mesmos as marca de seus caudilhos.

Líderes personalistas dominam seus liderados com mão de ferro, são altamente perversos e perigosos, visto que, assim como os masoquistas, também tendem a deixar traumas terríveis naqueles que permanecem sob seus auspícios (ou suplícios?). Eles também são extravagantes, exigentes ao extremo, excêntricos e arrogantes! Gostam de impor seus gostos e convicções, além de explorarem as deficiências das pessoas, subestimando-as e obrigando-as a obedecerem suas ordens. Como se julgam donos da verdade, líderes dominados por este “vício” não permitem que suas ordens, orientações e quaisquer assertivas sejam sequer questionadas – caso isto ocorra, pode significar o risco dos liderados padecerem o inferno na terra, ou fim de carreira mesmo.

 NEPOTISMO

“Tal pai, tal filho” nem sempre é a regra. O mais comum é “se é do pai, é do filho” – na ausência do filho, serve um parente ou amigo. Não escapa nada, nem mesmo em segmentos cristãos – igrejas, organizações, instituições, seminários, empresas (editoras, lojas, distribuidoras escolas, etc.) –, tudo pode se transformar em patrimônio familiar ou compartilhado com parentes amigos, formando verdadeiras dinastias que vão passando de geração em geração.
Desde pequenas congregações até as cadeiras de presidência de grandes convenções estão ocupadas por filhinhos e filhinhas de papai. Quando não ocupam os cargos majoritários, são postos em postos estratégicos para não perderem o domínio dos clãs – administração, finanças, secretarias, etc.

No meio evangélico brasileiro é muito comum assistirmos a rápida ascensão de familiares à cargos majoritários e estratégico, em detrimentos a tantos outros infinitamente mais preparados, que passam a vida inteira sem nenhuma oportunidade de ocuparem as mesmas posições – diga-se de passagens muita gente até sem evidências de real compromisso com a própria causa e, muitas vezes, sem evidência de conversão.

Este “vício” é tão fácil de constatarmos que basta um teste de memória para um leitor crente que conhece razoavelmente a história recente das mais destacadas denominações ou instituições evangélicas conferirem e concluírem que os nomes, e os sobrenomes são quase sempre invariáveis. Por que será, hein?!

BREVE APELO AOS LÍDERES CRISTÃOS:

Concluo esta série com uma certeza: A de jamais transigir diante da problemática que se vislumbra no cenário da liderança cristã evangélica moderna. E, para que não caia no julgamento inconseqüente daqueles que se ocupam apenas em atirar pedras – como se eles mesmos não tivessem teto de vidro – devo reconhecer que já tropecei e caí na falácia de praticar ou ceder a algum, ou alguns dos tais “vícios”. No entanto, a maturidade chegou trazendo consigo um senso de dever que me dá, cada vez mais, a segurança e o desejo de errar o mínimo possível, até que consiga só acertar.

Sendo assim, como nas vezes em que fui alertado, exortado ou aconselhado (através de pessoas e leituras) por este ou aquele desvio no exercício do ministério, e busquei agonizando reparar os danos e mudar de conduta, queiram também vocês se disporem ao arrependimento e ao devido conserto diante de Deus, de sua igreja, de seu grupo, de sua comunidade e da sociedade em geral, sempre e todas as vezes que forem traídos por si mesmos no percurso que ainda lhes resta - combatam "o bom combate"!

Que isto soe como um convite, um desafio aos meus amigos e colegas de ministério, conhecidos ou não. Que se estenda aqueles que na caminhada nos encontramos e nos separamos; e até sobre aqueles que há muito não vejo e já não sei onde andam, quer tenhamos ou não alguma admiração mútua ou amizade.

Que possamos trilhar o caminho do santo ministério – árduo, desconfortável e quase sempre ingrato, reconheço – com a responsabilidade de quem foi chamado para amar e zelar de pessoas. Estas, não necessitam de chefes, mas de amigos! Que possamos tratá-las como tais, assim como Jesus nos ensinou: "Já vos não chamarei servos... mas tenho-vos chamado amigos..." (Jo 15.15)

Com amor e em temor,

- pr Aécio -

sábado, 16 de julho de 2011

FRAQUEZA, ESFRIAMENTO ESPIRITUAL OU DESLEIXO DA FÉ?

Engana-se quem pensa que só aqueles que cometem pecados horrendos, que não esboçam nenhum arrependimento ou vontade de abandoná-los é quem mais se afastam dos caminhos do Senhor. A maneira como muitos crentes conduzem a dinâmica de sua fé também pode responder a questão acima sem mais delongas.

Minha experiência em liderança e pastorado garantem – com pequena margem de erro – que crentes não dados ao cultivo da vida devocional, indiferentes a cultos, relapsos quanto aos estudos bíblicos, distantes das orações, resistentes à comunhão com outros irmãos e demais atividades próprias da experiência cristã são mais suscetíveis a desanimarem e até se afastarem totalmente do Evangelho – alguns chegam mesmo às raias da apostasia!

Em sua Carta aos crentes de Filipos, Paulo os exorta dizendo “... operai a vossa salvação com temor e tremor...” (2.12) – na NVI ficou assim: “... ponham em ação a salvação de vocês com temor e tremor...”. Com isto, o apóstolo pretende preservá-los de muitas dores de cabeça comuns àqueles que confessam a fé cristã, mas permanecem estagnados ou inativos.
Todos já ouviram aquela frase “quem não trabalha, atrapalha e dá trabalho”. Pois é, é verdade! Crentes inoperantes representam preocupação permanente para pastores e líderes.

A inatividade espiritual pode levar os crentes a uma zona perigosa, na qual se acomodarão e encontrarão motivos suficientes que poderão até justificar sua inoperância. Geralmente, nesta “zona”, estão presentes desculpas (esfarrapadas) aparentemente lícitas e até aceitáveis: trabalhando demais, estudando demais, namorando demais, viajando demais, enfim, ocupados demais com isto ou aquilo. Em outras palavras: estarão tão ocupados com as demais dinâmicas seculares, terrenas ou práticas que não poderão perder tempo com questiúnculas espirituais!

São comuns crentes modernos – diga-se de passagem –, cada vez mais tendentes às futilidades contemporâneas, acharem um horror permanecerem duas horas numa igreja, orando, louvando  ou ouvindo sermões abençoadores. Porém, estes mesmos crentes, não reclamam de gastarem horas em academias, em shoppings, em estádios, em shows, em clubes, em cinemas e restaurantes, pizzarias, etc. – em muitos casos gastando inútil e estupidamente dinheiro, tempo e energia.

Não dar a devida atenção às praticas espirituais mínimas que dinamizam ou operacionalizam a fé é suicídio espiritual, é pedir para morrer (na fé)! O fato é que crentes que procedem assim, gradualmente vão se tornando frios e indiferentes, provocando em si mesmos efeitos que podem culminar no afastamento total da realidade cristã.

Diante do exposto, o que para muitos pode parecer fraqueza ou esfriamento espiritual, para mim não passa de falta de atenção, é desleixo da fé mesmo! – pr Aécio

quarta-feira, 29 de junho de 2011

“VÍCIOS” PRESENTES NA PRÁTICA DA LIDERANÇA CRISTÃ - PARTE 4

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ATIVISMO

Por mais estranho que possa parecer existem líderes que se ufanam em ter suas agendas repletas de compromissos, ainda que isto implique em sacrificar necessidades pessoais básicas, como o descanso e alimentação adequados e até mesmo o tempo de qualidade que poderiam desfrutar com suas famílias – cônjuges depressivos e filhos com distúrbios emocionais dos mais diversos são muito comuns nas casas de líderes que priorizam suas agendas e deixam seus familiares em segundo plano (leia I Tm 5.8).

Para alguns, férias, descanso prolongado, tempo sabático e outras “licenças” ministeriais não combinam com ministros ou líderes cristãos – alguns acham que isto é heresia! O pior é que tem líderes “cabeças de pudim” que concordam com isto!

O “vício” do ativismo é oposto do ócio (comento a seguir), mas é tão destrutivo quanto.  Posso falar disto com tranquilidade em razão de duas internações decorrentes do estresse e suas sequelas, fruto da burrice de querer “fazer-tudo-para-todos”, nos primeiros anos de pastorado. Pare quando um pastor veterano e amigo me deu um puxão de orelhas: “Assim você vai morrer logo!”. Deste jeito, na bucha!

Um chavão presente em pregações sobre lideranças diz que há muitos líderes “demasiadamente envolvidos com a obra de Deus, mas nada envolvidos com o Deus da obra”, e é assim mesmo. Contraditório, mas comum em lideranças modernas: A grande maioria dos líderes não tem vida devocional, não oram e não leem a Bíblia com fome e sede da presença de Deus! Quando o fazem, fazem forçados pelos novos e próximos compromissos: pregar, ensinar, etc.

Quem é viciado em agenda lotada, quem acha que é bonito marcar presença em dois, três eventos por dia, vários dias da semana, durante todos os meses do ano está redondamente enganado: Isto é feio e de péssimo gosto! Ou vai morrer logo, como disse meu sábio amigo, ou, poderá amargar algumas doenças típicas da falta de disciplina em comer e descansar nas suas devidas proporções!

OCIOSIDADE


Se por um lado o “vício” do ativismo pode encurtar a vida de um líder ou no mínimo tirá-lo de cena mais cedo, o “vício” do ócio vai liquidando o indivíduo paulatinamente, bem devagarinho.

Trabalhar demais é arriscado; trabalhar de menos é muito arriscado! Sedentarismo pode ser uma maneira bonita, um apelido para PREGUIÇA e um disfarce para COMODISMO!

O alerta vai principalmente para líderes que não prestam relatórios a superiores, ou que não possuem mentores a quem devam se reportar periodicamente. Vai também para aqueles que se sentem muito seguros em suas poltronas de presidentes, de diretores, de supervisores, etc. – não podemos nos esquecer de alertar também aqueles que, por terem alcançado determinado nível, se acham acima do bem e do mal – cuidado: seu bem pode ser seu mal!

Líderes dados ao ócio estão sob aquela maldição bem definida pelo adágio popular “mente vazia é oficina do diabo” – atualizando: “agenda vazia é prancheta do diabo”! Foi assim que Davi se viu quando andava de um lado pro outro, num dia cheio de nada pra fazer. Aquele rei deveria estar na frente da batalha, com os demais soldados de seu exército. Entretanto, deu-se ao luxo do ócio quando deveria estar ocupado – deu no que deu (II Sm 12.1, 2).

Em liderança cristã, o risco do “não fazer nada” não é só o de se tornar cada vez mais preguiçoso, na medida em que líderes tendentes a isto exploram, usam e abusam daqueles que estão sob seus mandos e desmandos.

O “vício” do ócio, como no caso de Davi, pode ser o vetor para pecados horrendo. Neste tempo, por exemplo, na era dos “trambolhos” eletrônicos e dos respectivos canais que favorecem o acesso ao chamado mundo virtual, nem é preciso muita imaginação para deduzir ou suspeitar que líderes cristãos aparentemente santos, confiáveis, tornaram-se vítimas de si mesmos à partir do momento em que passaram a desperdiçar horas inúteis diante de seus Notebooks, iPads, Tablets e outros “brinquedinhos” que vieram para estreitar uma linha que já era tênue demais.
Trancados em seus gabinetes ou confinados longos períodos em quartos de hotéis, não poucos líderes cristãos, ao descartarem no vácuo do ócio seu precioso tempo, acabam enveredando pelo submundo dos pecados pós-modernos, como o da pornografia virtual, por exemplo.

PRAGMATISMO

Uma das características de nossos dias é querermos tudo pronto, aqui e agora. Não importa a origem, desde que funcione! Não importa como, desde que aconteça! Este é o mundo moderno: Tudo é possível num click!
O “vício” do pragmatismo é comum numa geração que já se acostumou com o macarrão instantâneo, com as fast foods, com o micro-ondas e todas as demais possibilidades de acesso rápido, fácil e funcional.
Mas, em liderança quase nada é assim, logo, o pragmatismo é um ato falho, um “vício” a ser combatido com toda veemência. Alguém disse que “a obra de Deus se faz com 5% de inspiração e 95% de transpiração”.

No afã de verem suas igrejas e ministérios crescendo, milhares de líderes cristãos em todo mundo se submetem às inúmeras propostas “enlatadas” (geralmente made in USA), contendo fórmulas mágicas, truques de marketing e uma enxurrada de supostas técnicas que favorecem o crescimento de igrejas, grupos, etc. – quando eu era “bobinho” costumava cair em alguns destes atrativos contemporâneos. Não foram poucos os congressos, seminários e encontros que participei, nos quais na maioria das vezes as únicas coisas boas e proveitosas que experimentei foram refeições servidas durante os eventos, e as poucas amizades que pude fazer – desculpem o sarcasmo!

Em se tratando de igrejas locais, por exemplo, minha opinião sobre os movimentos de crescimento modernos é que todos eles, sem exceção, devem ser tratados com a máxima cautela e critério – boa parte deles é recheada de experiências e conceitos que funcionaram em determinados lugares e épocas, mais jamais terão o mesmo êxito fora destes contextos.

Como pastor, aprendi que cada igreja ou ministério possuem um “DNA” próprio, com características distintas. Alguns irão crescer e continuar crescendo absurdamente; outros, porém, terão um crescimento mais lento, e assim permanecerão! E isto não depende só da vontade do pastor, dos líderes ou de uma equipe: Jamais podemos descartar a ideia de que na obra de Deus, Ele é quem dá o crescimento (At 2.47; Cl 2.19)! – A ressalva neste ponto é que todo líder cristão deve investir e trabalhar para 10 com a mesma vontade e intensidade com que trabalharia para 1.000 ou 10.000, considerando que não é a velocidade do crescimento ou a quantidade de pessoas alcançadas que norteiam nossa vocação, mas a visão do Reino.
Líderes cristãos devem ser sensíveis e obedientes ao Espírito Santo. Isto é o que basta!

- pr Aécio - 

sexta-feira, 24 de junho de 2011

“VÍCIOS” PRESENTES NA PRÁTICA DA LIDERANÇA CRISTÃ - PARTE 3


DESONESTIDADE

“Faça o que digo, mas não faça o que faço.” Todos conhecem este manjado jargão, o qual denuncia o caráter dúbio de pessoas cujos discursos e práticas são totalmente antagônicos. Conhece alguém assim? Eu também! Isso para quem desempenha papel de liderança é execrável!

Gosto quando o apóstolo Paulo faz a defesa de seu ministério usando para tal o testemunho de seu estilo de vida ilibado e isento de quaisquer sinais de reprovação (leia um exemplo em II Ts 2.3-6). Porém, como vivemos dias em que líderes cristãos exploram, iludem, ludibriam e tiram vantagens das pessoas que deveriam cuidar, amar e manter relacionamentos saudáveis e de confiança, onde estão os que podem dizer o que Paulo disse?

Apesar de ter minha opinião sobre os desonestos, há quem diga que se trata de um desvio hereditário de caráter, uma doença; outros acham que é um traço comum a determinadas personalidades e quem afirme que o desonesto é fruto do meio em que está inserido.
Para mim, o desonesto – ainda que considerando a possibilidade de um ou outro poder sofrer de algum distúrbio patológico –, é um indivíduo mesquinho responsável por seus atos e, portanto, capaz de decidir entre abandonar esta conduta ou continuar lesando, defraudando as demais pessoas.

O que mais me incomoda em lideranças desonestas é a mentira – eles são uma mentira! Suas convicções são mentirosas, seus discursos são mentirosos, suas práticas idem. Infelizmente identificar e diagnosticar a desonestidade entre líderes não é tarefa fácil. Por mais trapaceiros e usurpadores que sejam, devo reconhecer que são altamente capazes de maquiar suas falas e seus comportamentos, enganando até mesmo os mais chegados – assim permanecendo até  que sejam desmascarados ou que tropecem em alguma contradição.
Falando nisto, lembrei-me de um filme cujo título é bastante sugestivo para meu comentário: O Mentiroso (com Jim Carey). No enredo, o filho pede como presente de aniversário que seu pai (um mentiroso contumaz vivido pelo ator citado acima) só fale a verdade neste dia. Já imaginou quanta sujeira não viria à tona se alguns líderes resolvessem viver um dia só falando a verdade?!

UTILITARISMO

Líderes precisam amar as pessoas, não simplesmente usá-las como se fossem coisas.  Estranhamente assistimos passivamente um hábito que chamarei de “coisificação” (comportamento típico de líderes que tratam as pessoas como se fossem objetos), se instalando nos ambientes das lideranças cristãs modernas.

Neste exato momento, em algum lugar há líderes usando, abusando, explorando e descartando pessoas como se fossem "coisas" – são estas atitudes que compõem o vício que denomino “utilitarismo”. Nos meios cristãos, o mais inquietante nesta sinistra faceta de algumas lideranças é o fato de não só usarem as pessoas: Eles usam a Bíblia para atingir seus intentos, distorcendo a interpretação de textos (como sempre: fora dos contextos) nos quais há exortações referentes à submissão, obediência, etc.
Como se não bastasse, é comum lideranças inescrupulosas também usarem suas posições além das mais diversas formas de persuasão, para convencerem os subordinados da dependência deles (sempre com o intuito de alcançarem determinados objetivos, por exemplo).

Líderes utilitaristas fazem o possível para criar uma espécie de relação simbiótica, na qual o que mais lhes interessam não é o bem estar dos demais, mas as “vantagens” que podem oferecer (dinheiro, favores, contatos, oportunidade de negócios, etc. – é triste, mas é verdade!). Os efeitos deste comportamento são devastadores. Dentre os quais, estão aqueles que levam indivíduos a níveis de frustração e decepção tão críticos que desenvolvem resistência e repulsa a todo tipo de liderança, como se todos os demais fossem usá-los, explorá-los ou simplesmente “coisificá-los”.

INFANTILIZAÇÃO

O “vício” da infantilização combinado ao anterior (utilitarismo) resulta numa fórmula que possibilita manter o domínio sobre indivíduos, grupos, equipes, enfim, sobre sociedades inteiras – esta é, por exemplo, a maneira favorita de governos totalitaristas subjugarem seus compatriotas!

O “sonho de consumo” de líderes motivados por desejos “hitlerianos” é o de exercer o controle absoluto sobre seus liderados – entenda absoluto como sendo o domínio sobre a maneira de pensarem; sobre suas opiniões; sobre suas vontades; sobre seus valores mais íntimos; etc.

Líderes inconsequentes costumam infantilizar as pessoas manipulando-as, induzindo-as quase que hipnoticamente com promessas atraentes e marketing enganoso. Falam de coisas que as pessoas querem ouvir, prometem o que elas desejam, simulam com técnicas simples (discursos, histórias, testemunhos, experiências, recursos visuais, etc.) ambientes e situações que elas passam a acreditar que são ou serão ideais para iniciarem ou darem prosseguimento aos seus planos, desejos e projetos pessoais.

Lamentavelmente devo admitir que os meios religiosos – e o nosso não foge à regra – são os mais férteis para este tipo de “vício” em razão das pessoas serem treinadas desde sempre a não questionarem suas respectivas lideranças, como se todas estas fossem 100% confiáveis e inerrantes – o que não é verdade!