segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A MENSAGEM É A CRUZ

Fico cada vez mais impressionado com a incapacidade que os pregadores modernos têm de pregar sobre a cruz. Digo que são incapazes não por não possuírem preparo teológico, acadêmico ou algo parecido. Tornaram-se incapazes por que se deixaram seduzir pelo espírito da concupiscência que governa esta geração.
Eles pregam sobre prosperidade, sucesso e prestígio, mas não pregam sobre o Cordeiro que foi sacrificado para tirar o pecado do mundo. Logo, o que resta? Um monte de ricos narcisistas que continuam atolados em seus pecados e condenados ao inferno! É isso mesmo, sem cruz não há perspectiva de salvação!
As argumentações das pregações atuais são catastróficas em matéria de fidelidade às Escrituras, por exemplo. E quando se usa a Bíblia, comete-se as distorções mais absurdas e desavergonhadas! Os pregadores new age já nem disfarçam mais! Nem se preocupam se vão ser retaliados, querem o dinheiro das pessoas e o resto que se dane! Para estes não importa se o pecador vai passar o resto da eternidade nas densas trevas do inferno, o que importa é o quanto podem “contribuir” para engordar o caixa (2, 3, 4...) de suas organizações (ou empresas)! O que importa é se seus seguidores têm uma posição social que vai mostrar pra vizinhança algo do tipo “Olha, têm gente importante na minha igreja”!

Um crente pode viver sem dinheiro, mas não pode viver sem a cruz! Sim, em nenhum momento as Escrituras dizem que teríamos dinheiro sobrando ou vida fácil “em nome de Jesus”. Esta mentira está sendo repetida à exaustão por gente que não tem misericórdia, lobos cruéis que já fizeram a vida em cima da boa fé dos incautos. Empresários passando-se por pastores, apóstolos, bispos, etc.; magnatas que acumulam fortunas em nome de Deus; especialistas em renda que tomam de assalto o santo ministério; investidores vorazes preocupados com o seu bem estar (e de sua prole), disfarçados de bons samaritanos; ditadores que solapam a dignidade da fé pura e simples em Jesus em nome de suas ambições pseudo-reveladas.

O pregador sem a cruz é um farsante... Um canalha! Qualquer que seja a mensagem, independente de qualquer que seja o assunto ou tema deve culminar no sangue do Filho de Deus escorrendo pelo madeiro!
Que qualquer argumentação que não leve o pecador ao silêncio do Getsêmani, e não termine no alto do Gólgota seja anátema!

A mensagem é a cruz... A cruz de Cristo! - pr Aécio

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

“COM A TUA AJUDA PASSO PELO MEIO DUM ESQUADRÃO” - SL 18.20

Já diziam nossos antepassados que “a vida é dura pra quem é mole” – utilizando-se da simplória, porém certeira filosofia cotidiana.
Todos os dias tem gente se entregando às vicissitudes frequentes e comuns a todos os homens. Gente que “aborta” suas chances de vitória, decidindo entregar os pontos sem ao menos tentar mais uma vez, nem que seja por um simples ato de bravura, por força do ímpeto ou por mera inspiração.

Parece que temos uma tendência de desconhecermos nossa própria força, ou de fazer de conta que não podemos coisa nenhuma. Pior que isto: desconhecemos a força que opera em nós, d’Aquele que disse “não te deixarei, nem te desampararei” (Js 1.5) - ou será simplesmente não nos damos a chance de conhecê-la o suficiente?

Em toda disputa em que há perdedor e ganhador, o resultado pode revelar mais que um placar, um prêmio. Nossa derrota ou nossa vitória pode ser definida antes mesmo de entrarmos no páreo. Depende de nossa atitude, de nosso estado interior e de nossa visão de confiança.
Antes de o vitorioso surgir para o público, já brilhou no pódio da alma, do coração, “pois assim como imaginou na sua alma, assim é” (Pv 237).

Falo como quem muitas vezes se entregou antes de lutar, ou como quem até lutou algumas vezes por pura teimosia e por vaidade; outras vezes sem nenhum interesse ou ânimo de vencer. Mas posso também falar como quem já levantou troféus antes mesmo de entrar na batalha.
Com as derrotas aprendi que meu maior inimigo sou eu mesmo, quando me permito não acreditar em meu potencial e capacidade; quando me deixo ser convencido pelo mesquinho espírito de pessimismo; quando cedo ao orgulho de achar que me basto; quando me entrego ao cômodo comportamento do “deixa como tá, pra ver como é que fica” e quando me deixo possuir pela idéia de que os outros são sempre melhores, maiores e mais fortes do que eu.
Com as vitórias aprendi que, ainda que eu não possa com tudo e todos, “posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Fp 4.13); que posso “da fraqueza tirar forças” (Hb 11.34); que preciso explorar mais dos meus recursos interiores; que posso despertar habilidades adormecidas e potencializar as negligenciadas; que todos os meus adversários se tornarão muito pequenos, todas as vezes que puder encará-los com ousadia e fé. – pr Aécio

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

EU TE AMO, IRMÃO, MAS NÃO ME CONTRARIE!

Falar do coração (e francamente) é muito mais difícil do que falar por conveniência ou querer simplesmente tratar de amenidades. Escolhi a primeira opção, mas só depois tive a consciência de que seria missão quase impossível falar, pregar ou mesmo escrever sobre posições ou opiniões ditas “polêmicas” ou fora dos daqueles padrões que a gente considera evangelicamente aceitos. Mas, até quando vamos tentar tapar o sol com a peneira querendo provar que somos um povo perfeito e que não precisamos de uns chacoalhões, pra ver se ao menos melhoramos no que tange à prática da fé que professamos?

Não há como negar que há muita coisa errada entre nós, e que não adianta querermos rechear nossas explicações com o enjoativo evangeliquês ou com teologiazinha de comadre! Há muita coisa podre em nosso meio e pronto! Há muita gente fingida, grosseira, mentirosa, traiçoeira, hipócrita, etc., em nosso meio, e não se discute o caso...
Há muita confusão no entendimento da mensagem de Jesus que resulta numa prática religiosa que na maioria das vezes se parece com tudo, menos com Cristianismo. Esta afirmação baseia-se na premissa de que não adianta um indivíduo dizer que tem Cristo no coração, se ele não tem o coração de Cristo – é como querer plantar bananeiras na Antártida. Da mesma forma, crer no Cristo que deu a vida por todos, mas não querer dar uma fração da nossa vida em favor de alguém é presunção.


Nós, cristãos evangélicos, somos viciados (se incomodar “viciados”, pode trocar por condicionados) em chavões e comportamentos aprendidos, inculcados de maneira repetitiva através das pregações ou de estudos bíblicos durante anos e anos. Nestas pregações e ensinos somos “doutrinados”, por exemplo, a amar as pessoas. Então, mesmo sem a gente entender muito bem o que é esta “coisa” de amar a alguém que nunca vimos, com quem que não temos nenhum vínculo ou afinidade, nos condicionamos ao chavão “temos que amar como Jesus amou” e aí dizemos: “Eu te amo meu irmão, com o amor de Jesus!”.

Mas, amar como Jesus amou não é como apertar um botãozinho do microondas, escolher a opção “ame como Jesus”, esperar trinta segundos e “pííííí”, estamos prontos para dar a vida pelo ilustre desconhecido que ficou do nosso lado no culto do domingo!
Amar como Jesus não é um exercício mental, nem a obediência cega a um mandamento, ou mesmo um dever que a gente cumpre para não se sentir culpado.
Amar como Jesus requer maturidade espiritual – meninos na fé, carnais, são incapazes de amar assim.
Amar como Jesus exige que a velha natureza tenha sido crucificada – pessoas não transformadas usam e abusam do amor como se fosse uma recompensa que se dá e que se recebe, mas quem foi transformado sabe que amar com Jesus é “graça pura”!

Amar como Jesus não se aprende na Escola Dominical, acontece quando somos capazes de enxergar nossa própria miserabilidade na miséria alheia – muitos crentes acham difícil amar pessoas que os contrariam, mas se esquecem de que éramos inimigos de Deus, mas mesmo assim Ele nos amou. – pr Aécio

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

CRÔNICAS – I

A MENINA, A MAÇÃ E O DIABO

Certa manhã, uma pequena menina passeava despreocupadamente pela feira de domingo próxima à sua casa.
Uma maçã atravessou pelo chão, rolando sobre seus pés.
Num ato reflexo, ela se abaixou e pegou a fruta. De repente, um homem apresentou-se dizendo que aquela maçã lhe pertencia, que havia caído de sua sacola.
Antes mesmo de entregá-la para aquele desconhecido, outro homem, com um avental encardido, se apresentou como dono da banca de frutas ao lado e, portanto, a maçã lhe pertencia. A celeuma estava armada!

Em poucos minutos se formou uma roda de fregueses e feirantes curiosos, atraídos pelo bate-boca que já se estendia por alguns minutos.

- A maçã é da menina! Foi ela quem a achou! – Gritou um senhor no meio da turba.

- Não, não... É do dono da barraca. Alguém deve ter esbarrado na banca, e a bendita fruta caiu! – Disse outro curioso.

- Comprei meia dúzia delas e só tenho cinco em minha sacola, logo, é minha! - Esbravejou o primeiro homem a reclamar a posse da disputada maçã.

Sem nenhum acordo aparente, o entrave se estenderia pelo dia todo, não fosse a “pérola” gritada de outro feirante, crente fervoroso, que esperava o momento oportuno para liberar toda sua sabedoria e espirituosidade:

- Esta fruta só pode ser do diabo! Pra causar tanta briga, só pode ser do enxerido mesmo!

A menina agarrou a fruta com as duas mãos, escondeu-a nas costas e disse com um olhar desafiador:

- Tudo bem! Agora que já sei quem é o dono, assim que ele aparecer eu mesma entrego!

Enquanto a pequena multidão se desfazia sem uma só palavra, a menina desaparecia em meio a carrinhos, sacolas e o trânsito típico das feiras de domingo.

Os dois homens que disputavam a posse da maçã se entreolharam furiosamente, mas também se retiraram em silêncio, cada um para seus afazeres.

Enfim, de quem era a maçã?

- pr Aécio -

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

DE REPENTE PASTOR

Não é nada confortável ocupar a posição e exercer a função de pastor.
Mesmo exercendo o ministério há quase duas décadas e em plena atividade, ainda não me acostumei com a idéia e presumo quem nunca me acostumarei – fique tranquilo quanto a achar esta declaração no mínimo paradoxal, pois já incomodei outras pessoas com as mesmas palavras.
Outro dia, conversando com uma colega em certo curso de liderança, recém ordenada, a ouvi dizer que estava amando o fato de ter sido reconhecida pastora. Pensei com meus botões: “Bem vinda ao lugar mais desconfortável da Terra!”.

Pastorear não é glamour, nem é também um posto privilegiado, é “sangue, suor e lágrimas”; é trabalho duro, muito duro. Se há quem queira se projetar usando um cajado, ou quem aspire ser cortejado por ocupar a tribuna, deve ser um aventureiro ambicioso ou um néscio descompensado. Os pouquíssimos figurões que fazem fama e fortuna sob o “manto pastoral” são as exceções da exceção – e tomo a liberdade para afirmar que estes não representam a esmagadora maioria de maneira alguma.

Pastorear não é opção, é obediência a um chamado muito específico – se existe alguém no pastorado sem esta convicção, dê-me licença que quero passar! Ninguém decide ser pastor, Ele chama, a gente obedece!

Uma das coisas que mais incomoda neste “agridoce” ofício é a incompreensão das pessoas. Mas a ingratidão é muito pior. Quem não compreende hoje, pode compreender amanhã, o ingrato, porém, dificilmente mudará (a experiência é quem diz).

Pastorear é chorar sorrindo e sorrir chorando – e quem é pastor sabe disto muito bem! Gemido de pastor é gemido silente, é grito mudo. Quando um pastor cala seu próprio sofrimento, o faz porque a dor alheia é sempre mais urgente.

Quem não me conhece, não faz parte de meu círculo íntimo, pode achar que estou acometido de alguma síndrome ou naufragando em uma daquelas crises ministeriais típicas, resultantes das pressões, etc. Mas não, não é isso. Apesar de não concordar com a máxima de que “a primeira impressão é que fica”, tive a forte impressão de que, ao assumir o pastorado, estava dando adeus definitivo à “zona do conforto”, e entrando de cabeça na “zona de conflito”: Acertei em cheio! Nunca mais saí dali, ou melhor, daqui! - pr Aécio

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

“PAPAI, DESENHEI DEUS PRA VOCÊ”

Foi usando esta frase que minha filha de quatro anos me entregou um pedaço de papel com um minúsculo e indecifrável rabisco.
Virei o pedacinho de papel de um lado para o outro e fiz uma pergunta não menos infantil:

- Onde está Deus aqui, Queni?

Imediatamente ela respondeu:

- Bem aí, pai, você não está vendo?

Acho que entendo um pouco melhor o que Jesus quis dizer, quando afirmou que temos que ser como crianças para entrar o Reino de Deus (Mt 18.13). Talvez seja por que elas não têm as mesmas dificuldades para ver Deus como nós, adultos. Enquanto nos esforçamos para ver Deus em templos "salomônicos", por exemplo, os infantes conseguem vê-Lo em alguns poucos traços, num rabisco qualquer!

Obviamente que não quero reduzir a grandeza imensurável do Criador de todas as coisas, mas concordo que somos afetados por determinadas teologias demasiadamente complexas que, ao pretender “dissecar” a pessoa de Deus (Seu caráter, Seus atributos, Seu poder, etc.), O torna mais incompreensível e mais distante ainda. Entretanto, bastaria que pudéssemos percebê-Lo nas coisas mais simples à nossa volta.

Jesus, ainda criança, discutia com os Mestres de sua época sobre as coisas do Pai (Lc 2.39-50). Apesar de crer que o Espírito Santo já conduzia nosso Salvador desde a mais tenra idade, creio que Ele, Jesus, não via Deus, o Pai, com os mesmos traços, com os quais religiosos de então O “pintavam” em seus discursos demagógicos, ou nas interpretações das Escrituras carregadas de extremismos .

Durante Seu ministério terreno, já adulto, porém, com o mesmo tato de uma criança, os discursos de Jesus concentravam-se em fazer com que as pessoas que O seguiam pudessem ver Deus em figuras muito presentes no cotidiano delas, nos quais ainda não tinham parado para pensar. Coisas como a beleza das flores do campo e a provisão para as aves silvestres. Era como se Ele dissesse: “Conseguem ver o Pai? Ele está ali, sustentando e provendo! Assim fará a vocês!... Conseguem ver agora?!”...

Para não discutir com a Queni, dobrei o papelzinho e fui colocando em cima de um móvel da sala. No entanto, imediatamente fui interpelado por sua linda voz rouca dizendo: “Não papai, ponha no bolso, senão você perde o Deus que desenhei pra você!”.
Não sei o que se passou na cabeça dela, mas quero me esforçar muito mais - até que não tenha que fazer esforço algum – para ver nos “rabiscos” do dia a dia, a pessoa deste Deus que se faz conhecer até mesmo às crianças! - pr Aécio

sábado, 7 de agosto de 2010

ACRÓSTICO - 1

 








SOBRE O AMOR

Atrevo-me a dizer que
Minhas aspirações e sonhos
Ainda podem me confortar.
Resisto ao tempo e à razão...

É assim que sobrevivo.

Mesmo quando
Acometido de medo e assombro, não paro...
Navego sobre as águas sombrias das
Desilusões e frustrações.
Aprendi a contentar-me com
Mínimos afetos e poucas
Expressões de carinho.
Não exijo nada, embora
Tenha muito a
Oferecer.

Assim, aproveitarei todo
Meu tempo,
E farei do amor minha bandeira.

- pr Aécio -

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

VENCENDO AS CRISES

Existem muitos fatores que podem contribuir para que uma crise não seja devidamente superada e gostaria de ponderar sobre alguns deles nas linhas seguintes.
A princípio, precisamos lembrar que estamos em mundo cheio de problemas e cada vez mais conturbado, logo, é de se esperar que, de vez em quando, vamos nos meter em alguma encrenca (outras vezes alguém nos faz este “favor”!). Tendo isto em mente, muitos deixarão de se achar azarões, quando ocorrerem eventos desagradáveis.
Qual deve ser o comportamento na hora em que somos solapado por um acontecimento ruim? Se entregar? Se drogar com calmantes? Parar com todos os projetos de e sonhos pessoais? Trancar-se num quarto escuro?
Conheço muitas pessoas que ao se depararem com algum fato inconveniente começam imediatamente uma verdadeira sessão de autoflagelação. Talvez você já tenha ouvido alguém dizer as seguintes coisas em momentos críticos: “Tinha que ser comigo”, “Nada dá certo para mim”, “Tudo em que ponho a mão estraga”, “Já estou acostumado a sofrer”, etc. Tais pessoas parecem ver o mundo a sua volta de uma forma tão negativa que chegam até mesmo a concluírem que merecem passar por situações catastróficas, então, procuram encontrar alguma resposta que os convençam de que precisam passar por isto ou aquilo, uma espécie de consolo mórbido. Para estes, é como se a vida tivesse reservado uma “sina”, um destino talvez, mas é exatamente o contrário. Pensar que alguns nasceram “carimbados” para serem felizes e outros infelizes é uma estupidez inominável. Em vez destes insights que em nada ajudam, a cada nova crise é precisamos utilizar todas as estratégias possíveis e esgotar todos os meios ao nosso alcance; persistir incansavelmente; enfrentar cada inimigo de frente; comunicar-se com parentes e amigos; ousar em fazer coisas novas; mudar até mesmo de opinião e, sobretudo, procurar manter a autoestima elevada.

Tão importante quanto não nos deixarmos levar passivamente pelas crises, é não adotarmos uma postura do tipo “não está acontecendo nada comigo, é só uma fase”. Esta é outra postura muito comum – infelizmente. Neste caso o indivíduo parece estar anestesiado aos problemas e tende a subestima-los como se essa fosse a melhor alternativa. Conheci pessoas com o casamento desabando, ofereci ajuda, mas o que ouvi foi “não se preocupe, pastor, está tudo bem” – hoje ele está bem longe, ela bem infeliz. Não se desesperar é uma coisa, não se importar com o mundo desabando ao redor é outra totalmente diferente. Esta é a base para a minha a próxima consideração.

Nós, os brasileiros, somos conhecidos como o povo do jeitinho. Esta parece ser a anestesia de muitos de nós. Pegamos as contas, enfiamos nas gavetas e ficamos esperando um jeitinho; brigamos com alguém e esperamos dez anos até que tenhamos uma brilhante idéia para reconquistar a pessoa com jeitinho; compramos ou vendemos desonestamente e aguardamos que ninguém descubra o jeitinho com que forjamos um documento, e assim por diante. Temos sempre um jeitinho para furar fila; jeitinho para enganar o patrão; jeitinho para sonegar impostos; etc. Agora, atenção todos os brasileiros: NÃO EXISTE JEITINHO PARA SAIR DE UMA CRISE, POR MENOR QUE SEJA! Crises não se resolvem com paliativos ou anestésicos! Imagine um paciente ouvindo do médico a seguinte coisa: “Olha o seu problema é muito grave, mas enquanto você está agüentando tome este analgésico, você não vai sentir nada e faz de conta que está curado!” – um bom brasileiro irá buscar um analgésico com sabor tutti-frutti. Resolveu? Isto é um absurdo, não é? Pois fingir que não está acontecendo nada quando de fato está, não é inteligente. A conduta correta do médico (deduzo) seria fazer o diagnóstico e recomendar um tratamento adequado, caso contrário só estaria contribuindo para a piora do paciente. Da mesma forma, ao “diagnosticar” uma crise precisamos trata-la adequadamente, mesmo que o processo de cura seja doloroso, mesmo que o remédio seja amargo. - pr Aécio

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Esta mensagem é parte de uma série de mesmo título publicada no Boletim da Igreja Cristã Ibero-Americana.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O AMOR DE DEUS

Na medida em que o ser humano vai se identificando e se envolvendo com as tecnologias, onde tudo depende de máquinas e aparelhos cada vez mais sofisticados, dá a impressão de que se torna mais e mais insensível aos sentimentos e emoções. Muitos relacionamentos modernos, por exemplo, estão cada vez mais ligados a apertos de botões e ao manuseio de teclas, do que a apertos de mãos e a abraços.
Sobretudo na área dos relacionamentos, as pessoas estão cada vez mais distantes e desconfiadas uma das outras. Há muitos que amam mais os seus carros e empregos do que seus cônjuges, filhos, parentes ou amigos! É comum encontrarmos muitos casais confessando o fim do amor: “A gente se suporta, se respeita”, dizem.
Será que existe uma resposta para a falta de amor na atualidade?
Como sentir e viver o amor de Deus?

Deixe-me responder as duas perguntas acima, uma de cada vez. Primeiro, o maior problema em relação a falta de amor existente em nossos dias é a falta de conhecimento de Deus. Tal resposta pode parecer meio simplista , mas a grande verdade é que a humanidade está se distanciando d’Aquele que é não só o Autor, mas o próprio amor: “E nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele." – I João 4.16 (Almeida Revisada). Todos aqueles que experimentam um relacionamento verdadeiro com o Deus da Bíblia serão inundados de amor e transbordarão de vontade de praticar este amor.
Não é de se admirar que nosso mundo está tão indiferente e nada amistoso, ou melhor amoroso. Isto se dá pelo fato de que o homem do século 21 vive distanciado de Deus, a fonte geradora e mantenedora de todo amor. Na ausência do conhecimento ou na iminente rejeição do grande amor de Deus, o que sobra é a indiferença, o ódio e toda sorte de violência.
Tenho ouvido e testemunhado inúmeros casamentos refeitos e outros relacionamentos reconstruídos, a partir do momento em que Deus entra na história de homens, mulheres, jovens ou velhos que passam a confessar Jesus Cristo como Senhor em suas vidas. Quando Deus chega, maridos passam a amar mais suas esposas, logo não recorrerão mais a amantes ou prostitutas para satisfazerem suas ilusões; esposas decepcionadas vêem esperança para seus relacionamentos frustrados e desgastados pelo passar dos anos; jovens terão mais amor à vida e não se entregaram às drogas ou ao sexo ilícito, nem cederão à vergonha do ficar e os mais velhos verão que o amor é para toda vida, não apenas um privilégio da adolescência ou da juventude.
No capítulo 13 de I aos Coríntios, podemos entender que o amor é o que dá real sentido para a vida. Leia: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.” (vs. 1 e 2).

A segunda pergunta tem uma resposta bem simples mesmo: Recebendo a Jesus Cristo como único e suficiente salvador e confessando-o como Senhor absoluto de nossas vidas! Sim! É Jesus a revelação plena do amor de Deus para a humanidade. Ele é a prova cabal do grande amor por cada um dos quase 7 bilhões de habitantes do planeta terra: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”. Experimentar este amor não tem nada a ver com uma experiência religiosa, tampouco com uma sensação física ou emocional! Ou seja, não é o indivíduo chegar em uma igreja e dizer que sentiu o amor de Deus ali e depois ter de esperar outro dia para sentir a mesma coisa. Quem vive este amor abundante pode senti-lo a cada instante, em qualquer situação e em todo lugar, pois aí está uma coisa que Ele não economiza: AMOR!  -  pr Aécio

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES...

“E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam. Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé?” - Mt 6.28-30

Em tempos de crise quem nunca duvidou da provisão divina mesmo sendo um crente ardoroso? Que atire a primeira, a segunda e quantas pedras quiser, eu, todavia, assumo: Muitas vezes duvidei da providência divina.

Cristãos em todo mundo sentem-se culpados, e carregam este fardo até o túmulo sem nunca ter tido coragem de confidenciar a alguém que desacreditou do cuidado de Deus quando mais necessitavam de uma resposta de Sua parte. Morrem sem ter tido a oportunidade de refletirem no fato de que os momentos mais drásticos de suas vidas não poderiam ser suficientemente determinantes para que cressem ou não na proximidade ou distanciamento de Deus. Tais momentos são, na verdade, tudo o que podemos esperar de um mundo caído e conturbado, um mundo que “jaz no maligno” (I Jo 5.19). Na grande maioria das vezes (maioria mesmo) não tem nada a ver com a intervenção ou omissão divinas.

Pode ser que alguém que irá ler este artigo esteja sentindo-se desmotivado e desapontado com Deus e com Sua Palavra. O que não implica propriamente em pecado ou blasfêmia. Porém, nos momentos de fracasso, doença ou outra desgraça qualquer, é de suma importância que toda pessoa admita sua incapacidade de crer, não na de Deus de fazer! Paulo diz que Ele “é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos” (Ef 3.20).
Outra coisa que gostaria de deixar bem claro é que Deus nunca, jamais ficará ressentido, ou nos culpará por termos a sensação de termos sido abandonados por Ele. A Bíblia diz que Ele conhece a nossa estrutura (Sl 103.14).

Sei que lidar com esta realidade é muito difícil porque somos uma geração de cristãos que está fortemente afetada pela secularização e, também, pela maldita teologia da prosperidade, onde as pessoas sentem vergonha (não que devam ter orgulho) até mesmo de não poder contornar as situações mais banais – coisa que nem Paulo tinha: “Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte.” (I Co 12.10).
Jesus diz “considerai os lírios do campo”. Ele não diz “façam uma campanha da prosperidade” ou “confessem que não estão sendo fiéis nos dízimos e ofertas”. Isto nos reporta a uma das verdades fundamentais do Evangelho: Deus não intervém em nossas vidas pelo que fazemos ou deixamos de fazer, age simplesmente por que nos ama e quer cuidar de nós, mesmo que não tenhamos a capacidade crer e perceber Sua Mão sobre nós!  -  pr Aécio