terça-feira, 22 de março de 2011

DETERMINE...

Dos jargões “evangeliqueses” que me provocam ojeriza, um dos mais toscos e que mais detesto é o tal do “Determine sua vitória irmão!” – ao lado do “Tá amarrado!” não sei qual dos dois indica mais estupidez no ranking das baboseiras neopentecostais.
Causa dó e espanto pensar que muitas pessoas pelo mundo afora passam a pronunciar estas frases burras e absurdas como se fossem uma espécie de “abracadabra”, crendo que seus problemas desaparecerão num passe de mágica.

Mas, quero propor que os crentes determinem sim. Aproveito a ocasião para reafirmar alguns valores que há muito estão desaparecendo da prática evangélica brasileira, cedendo lugar ao misticismo e à superstição. Se for para determinar, então, proponho que cada leitor cristão, ao acessar esta mensagem determine:

Que jamais irá subestimar a soberania de Deus, achando que o céu é como a “casa da mãe Joana”, e que os anjos são como mordomos prontos para satisfazer os desejos humanos mais mesquinhos.

Que jamais se dobrará à famigerada teologia da prosperidade, a qual reduz o Evangelho da Salvação eterna em subterfúgio para salvação da conta bancária.

Que jamais seguirá os mercenários donos das “emprejas”, esbanjadores que lucram e enriquecem mais e mais cada vez que abrem uma nova franquia, ou despejam seus produtos heréticos no mercado.

Que fará da Bíblia sagrada única fonte de inspiração e devoção, desprezando quaisquer pregações, ensinos, livros, etc., que não forem originadas e fundamentadas em suas páginas.

Que jamais olhará para a igreja como um espaço de recreação ou passatempo, mas sim como um lugar onde prestamos culto, consagramos dons, e dedicamos talentos para comunhão e edificação de todos os que nela se abrigam.

Que será um instrumento de Deus contribuindo ativamente com suas orações e finanças para que o Evangelho chegue aos não alcançados.

Que não resistirá ao chamado, caso seja movido pelo Espírito Santo para ser uma testemunha entre povos de outras nações.

Que não se deixará enganar pelas propostas modernas dos pregadores que deturpam a mensagem da cruz, reduzindo-a a mera retórica cultural, desprovida do poder libertador que afasta o homem do pecado.

Que honrará seus pastores e líderes locais, os quais dão a vida para pastorear rebanhos hoje cassados e acossados pelos chacais disfarçados e autodenominados apóstolos, bispos, patriarcas e missionários.

Que não depositará sua fé nas idolatrias das campanhas e correntes supostamente evangélicas, bem como nos objetos sincréticos distribuídos em muitas delas (sal grosso, rosas, lenços, águas, óleos e outros artefatos místicos).

- pr Aécio -

terça-feira, 15 de março de 2011

MISERÁVEL APÓSTOLO PAULO - PARTE 4


NOVA

"Miserável homem que sou!” (Rm 7.24)



A cada vez mais comum onda de intelectuais disputando terreno no cenário evangélico, dominando púlpitos e demais espaços dedicados à exposição da Palavra não é algo que deva passar despercebido sem a devida crítica – com todo o respeito. Se sou inimigo do saber? Não! Se acho que ministros não devem estudar, ampliar conhecimentos ou dominar assuntos nas diversas ciências, também não!
Justiça seja feita, conheço alguns doutores que são a personificação da humildade e nem um pouco afetados por títulos acadêmicos, etc. Posso citar os doutores Russell Shedd, Paulo Romeiro, Bárbara Burns e Augusto Nicodemus Lopes, por exemplo, como raridades no meio de um montão de estrelinhas (dentre estes há os que compraram diplomas fajutos) que se acham o “ultimo biscoito do pacote” ao exibirem seu academicismo.

A questão é que, em nome da crescente (e exigente) vitrine que se cria, repleta de bacharéis, mestres e doutores, esvaziam-se os ministérios das vidas regadas a oração, da santificação, da dependência de Deus e da unção do Espírito. Neste caso, entre o doutor autoconfiante e o simplório pregador humilhado perante Deus, não tenho dúvidas, prefiro o segundo!

Fiados em seus diplomas, influenciados pelas ciências e tecnologias modernas e impregnados das mais diversas filosofias antigas ou contemporâneas (algumas altamente perigosas para o cristianismo, outras absolutamente anticristãs) que ora norteiam suas ideias e pensamentos, muitos ministros vem transformando a pregação e o ensino bíblico em exposições enfadonhas, recheadas de alusões técnicas, preocupadas com citações científicas, carregadas de pesquisas disto ou daquilo, etc.

Alguns pregadores trocaram o “assim diz o Senhor” pelo “assim disse Nietzsche” ou “no pensamento de Bacon...”, por exemplo, causando (pelo menos em mim) a impressão de mero exibicionismo cultural para impressionar os ouvintes. Um dos perigos que deriva desta postura é o de relegar as Escrituras a um plano secundário, um complemento, em vez de fundamental: “Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus...” (I Pe 4.11).

Paulo, o apóstolo, era altamente preparado academicamente, um intelectual educado aos pés do erudito Gamaliel (At.22.3) – o legado de suas epístolas fala por si, e torna desnecessário qualquer comentário adicional sobre o assunto. No entanto, ele parece querer nos mostrar que, no tocante à pregação do Evangelho, a sabedoria humana perde toda a sua pompa:

“Porque Cristo enviou-me, não para batizar, mas para evangelizar; não em sabedoria de palavras, para que a cruz de Cristo se não faça vã. Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, E aniquilarei a inteligência dos inteligentes. Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação. Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus. Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens. Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele.” – I Co 1.17-29

- pr Aécio -