NOVA
“Miserável homem que sou!” (Rm 7.24)
Se o apóstolo Paulo fosse nosso contemporâneo, tendo que conviver com todas as bandalheiras e desmandos no meio evangélico, penso que teria algumas reações como essas:
- Ficaria corado de vergonha ao escutar certo “missionário” dizer que a TV paga de sua propriedade é “uma benção de Deus para as vidas das pessoas” que a adquirirem – como se não bastassem todas as demais mercadorias e indulgências oferecidas em seus programas.
- Teria uma surto de raiva ao ver certo “apóstolo” matuto (ou será astuto?) manipulando massas de miseráveis com paninhos suados e água benta. Não, ele não deixaria passar em branco as bobagens (e mentiras) repetidas à exaustão pelo falastrão que transformou a pregação em mercadoria de lojinha de um real.
- Protestaria contra as megalomaníacas e milionárias construções de templos, que exaltam os homens e suas instituições, mas que desnudam uma das mais terríveis realidades da igreja: Missionários continuam sobrevivendo à custa de esmolas.
- Como ex-perseguidor da igreja, agora perseguido por amor ao Evangelho, ficaria perplexo ao ver tanta ostentação e luxúria nas vidas dos “cafetões da fé”, que exibem suas mansões, jatinhos e carros importados; que passam longas férias em resorts no exterior com dinheiro de gente pobre.
- Detestaria as “teologias 171” propagadas por aqueles que usam e abusam do texto bíblico para enganar e saquear os incautos, através de manipulações diabólicas, campanhas e correntes fraudulentas, além de tantos outros artifícios igualmente detestáveis.
- Denunciaria publicamente os pecados dos pastores e demais ministros políticos que transformaram as igrejas em currais eleitorais, que ambicionam cargos públicos para defenderem seus interesses pessoais.
- Seria uma pedra no sapato de todos aqueles que cobram cachês para pregar e cantar nos eventos evangélicos, como se fossem astros de quinta grandeza; que se acham “o último fandango do saquinho”, posando de celebridades – cá entre nós, o povo evangélico tem grande parcela de culpa em fomentar o estrelismo e a idolatria destes que se tornam pop stars.
- Não ficaria calado diante da arrogância de um dos “bispos” mais cultuados no Brasil, o qual descobriu a seguinte fórmula: retórica capitalista + sincretismo religioso + jogo de cena + artifícios de marketing + Bíblia = Fortuna, luxo e poder.
- Se escandalizaria com os chatos e enfadonhos eventos tais como conferências, encontros, simpósios, congressos, etc., que mais contribuem para causar (ou fomentar) polêmicas e divisões no Corpo, do que unidade, consciência cristã e mobilização para o serviço do Reino.
- Resistiria aos modismos que têm corrompido as igrejas atualmente – estes que chegaram e se instalaram sob o manto da contextualização; que transformaram os cultos em shows; que fizeram do batismo uma brincadeira e da pregação do Evangelho palestra motivacional.
- Não cederia às teologias liberais contaminadas pelo intelectualismo moderno e inflamadas pelo humanismo, que fizeram da fé e do testemunho cristãos meros debates e discursos acadêmicos, desprovidos de paixão e de alma.
- pr Aécio -