segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

“CALA BOCA MAGDA!"

Este bordão ficou conhecido através de um programa (ridículo) humorístico exibido pela Globo anos atrás. Era a maneira “gentil” do marido por fim às reverberações absurdas (leia-se burras) de sua esposa, sugerindo a falta de senso dela (ou de inteligência mesmo) – virou mania nacional.
Recentemente, na época da última Copa do Mundo, o Twitter congestionou com o protesto em forma de hashtag com o rasgado “Cala a boca Galvão”... Deu o que falar – virou capa da Veja!

Pois bem, o que vou escrever a partir de agora não tem nada a ver com programas de humor, com a Globo ou humoristas, nem com o Galvão Bueno (comentarista esportivo). Tem a ver com os pregadores midiáticos cada vez mais sem noção, que andam proferindo as coisas mais absurdas em nome de Jesus, usando burramente a Bíblia (esta é a maior façanha) para dar base aos seus ensinos mirabolantes.
De tão maliciosos e espertalhões que são estes rapineiros conseguem arrebanhar pessoas de todas as classes sociais e de todos os níveis culturais com as promessas de cura, vida regalada e ascensão social. Inventam revelações, produzem profecias, dramatizam testemunhos e relatam experiências supostamente sobrenaturais de causar espanto. Há momentos em que eles são tão artificiais que denunciam a si mesmos em falas contraditórias, gestos espalhafatosos fora de hora e expressões faciais que destoam do restante das performances.

Entretanto, o que mais me intriga são as maneiras como interpretam passagens inteiras da Bíblia na base do “texto fora do contexto” e manipulam as emoções das pessoas, com o intuito de sustentar as mais deslavadas mentiras e as mais estúpidas doutrinas que eles mesmos inventam. O pior é que quase sempre logram êxito em persuadir os pobres miseráveis que os seguem em suas igrejas, conferências, etc. Por exemplo, neste final de semana, avaliei as atuações de 2 dos pregadores televisivos mais famosos atualmente, aos quais vou chamar de “X” e “Y”. Observem suas falas e meus comentários em seguida:

Fala do pregador “X”: “Jesus disse que você pisaria serpentes e escorpiões! Serpentes e escorpiões são duas classes de demônios!”
Comentário: O tal pregador passou um bom tempo falando sobre as propriedades nocivas do veneno dos animais, para depois fazer um gancho, equiparando-as às ações do diabo e demônios nas vidas das pessoas – não sei se ele foi bem sucedido no “decoreba” da parte da Zoologia, mas no que tange à Teologia falou um quilo e não entendi um grama.

Fala do pregador “Y”: “Fizeram um trabalho de magia pra te matar!” – apontando para uma vit..., quer dizer, pessoa.
Comentário: Este é um dos chavões mais manjados e frequentes nas reuniões pentecostais e neopentecostais – já nem cola muito. Este pregador só tem duas opções: Ou começa a pregar a Bíblia e falar só o que pode ser confirmado por Ela, ou precisa atualizar seu repertório de jargões pra não passar vexame e não entediar seu público.

Mas, não é só de pregador “X” e “Y” que a igreja está infestada não. Na verdade a lista compõe-se do alfabeto inteiro daqueles que vão tornando o Evangelho algo cada vez mais desacreditado e a Igreja alvo de comentários desprezíveis e difamatórios. Para eles, gostaria de mandar um recado aparentemente grosseiro, mas necessário:

“CALEM A BOCA PREGADORES SEM NOÇÃO!”

- pr Aécio -

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

COISAS DE FAMÍLIA DO PASTOR

“Só podia ser filha de pastor!”. Foi esta a frase que uma jovem deixou escapar ao se referir a uma de minhas pequenas, após presenciar uma daquelas travessuras típicas de criança – a única coisa que ela não esperava é que o pai estivesse tão perto! Não resisti à infâmia e retruquei: “A ‘filha de pastor’ tem nome, e é tão criança como qualquer outra!”. Este incidente, porém, não é o único dos equívocos (para não dizer injustiças) que se cometem com familiares de pastores.

Mas, é a mulher do pastor quem sofre as mais acirradas cobranças. Para muitos, ela deve estar sempre sorrindo, arrumada, solícita, presente e agradável. No primeiro sinal de desagrado às exigências do rebanho elas vão para a berlinda. Lamentavelmente, na boca do povo o termo “a mulher do pastor” pode ser gancho para piadas prontas e bordão de críticas ácidas, depende do momento e da utilidade.

Como se não bastassem as tais cobranças, ainda se exige que mulher e filhos de pastor sejam quase que onipresentes nas tarefas eclesiásticas. Do mutirão de limpeza à participação nos ensaios do coral, eles precisam marcar presença se não quiserem se tornar até mesmo motivos daquelas desculpas sórdidas do tipo “se nem a mulher e os filhos do pastor participam, porque devo participar” – muitos pastores caem nestas armadilhas e acabam usando sua família como “isca” para atrair e convencer as demais pessoas da congregação para participarem das atividades.
Falando nisto, acho que nós, pastores, contribuímos em grande parte para esta “cultura” de exigências absurdas sobre nossas mulheres e filhos, como se tivéssemos a obrigação de ter que mostrar e provar o tempo todo que somos os melhores em tudo – o que além de ser um enorme engano, potencializa o risco de efeito reverso tão devastador como os que têm levado dezenas de famílias de pastores até mesmo à destruição.

Não raras vezes encontramos famílias de pastores infelizes, insatisfeitas e em queda livre, vivendo apenas de aparência. Mulheres depressivas, filhos revoltados são só a ponta do iceberg, pois está cada vez mais comum encontrarmos pastores divorciados, separados do convívio familiar, vitimados pelas pressões típicas do ministério e das absurdas exigências cruelmente impostas sobre suas famílias.

Cuidado pastor: Igrejas existem aos milhares. Família é única, é singular e insubstituível! Cuide bem dela! Dê à sua mulher e aos seus filhos o melhor de seu tempo! Cubra-os de atenção, de carinho e amor... Ninguém é capaz de fazer isto melhor do que você!

“Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel.” – I Tm 5.8

pr Aécio

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

MISSÕES – OS LUGARES MAIS DIFÍCEIS DE SEREM ALCANÇADOS SÃO AS IGREJAS

Falar sobre Missões nas igrejas evangélicas de nossos dias é bater em ferro frio. É lidar com pastores indiferentes, rebanhos idem. É remar contra a maré (às vezes a má fé).
Encontros, Conferências, Simpósios e outros movimentos sobre o tema geralmente se transformam numa espécie de desabafo coletivo de missiólogos, missionários, mobilizadores, líderes de juntas e agências e demais interessados pelo assunto. Independente dos temas abordados naqueles eventos, o que ouvimos são repetidas reclamações negativas, referentes à inércia das igrejas; ao clamor por mais verba; à falta de candidatos e à indiferença dos institutos bíblicos e seminários (estes, em sua maioria, são cada vez menos eficientes quanto as questões vocacionais) – já estou farto de tudo isto!

Vergonhosamente somos uma população que, segundo projeções do IBGE, já beira 50 milhões de crentes, com pouco mais de 3 mil missionários brasileiros transculturais ativos atualmente– não é escandaloso isto?! Digo vergonhosamente por não haver nada que justifique esta brecha gigantesca.


Dia destes um pastor amigo disse em sua preleção (em cerimônia de ordenação de novos pastores) que os pastores estão se tornando “um povo não alcançado”. Concordei! Muitos pastores têm corações extremamente duros para missões. Exemplo disto é que muitos deles são extremamente benevolentes e altruístas quando o assunto é aumento de seus próprios salários, mas quando se fala em manter missionário...

Então, como vale a máxima “tal pastor, tal rebanho”, as igrejas acabam se tornando redutos de resistência a todo e qualquer expediente voltado para Missões. Há ocasiões em que os pastores nem sequer se dão ao luxo de se envolverem e participarem dos eventos missionários patrocinados por suas próprias igrejas, ficando totalmente indiferentes, se escondendo sob frases escapistas do tipo “deixa o povo trabalhar” (vale lembrar que os tais eventos missionários realizados nas igrejas são quase sempre um fardo jogado nos ombros de pequenos grupos, que enfrentam até mesmo fortes oposições de obreiros e demais lideranças locais). Outros pastores nem percebem o quanto são patéticos quanto arriscam a falar do tema, sem nenhum conhecimento ou paixão – tá na cara, tá na fala.

Não quero ser ingênuo, nem simplista, mas se quisesse explicar ou resumir a incompetência da igreja brasileira no que tange as questões em torno de Missões, diria que há um terrível tripé que compõe e sustenta a Igreja brasileira, e que dificilmente deixará de fazer parte de seu “DNA”:
1. A história de paternalismo, escrita pelos missionários estrangeiros que aqui aportaram – nos deram o peixe e não nos ensinaram a pescar.
2. A cultura “subespiritualizada”, na qual a compreensão de que somos apenas recipientes de benção, ao invés de instrumentos abençoadores, é a regra.
3. A herança católica de um cristianismo frouxo e sem expressão, que descarta o caráter sacerdotal e apostólico de cada crente.

Termino com um apelo aos pastores e crentes em geral:

"Convertam-se a Missões! Tornem vossa inércia em ação pelos povos sem Cristo! Arrependam-se dos pecados da omissão e da indiferença pelos perdidos! Chorem e pranteiem por vossos corações duros e insensatos! Parem de roubar o dinheiro que deveria ser investido para alcançar nações, o qual tem sido gasto em vaidosos templos e luxos pessoais insignificantes!"pr Aécio