sexta-feira, 8 de abril de 2011

MASSACRE NO RIO: O DIA SEGUINTE

O dia seguinte é dia de lamentar, de continuar o choro, de tentar juntar os cacos, de limpar o chão...
O dia seguinte é dia pra pensar, refletir e ousar questionar mesmo tendo a mórbida certeza de não ter a maioria das respostas! E, se elas surgirem, pode ser que venham trazendo mais dúvidas.

É simplesmente impossível ficar indiferente ao que ocorreu no Realengo, Rio de Janeiro, no fatídico dia que já está registrado pra sempre na história do Brasil como “nosso dia Columbine”. Por mais que quiséssemos resistir, todos nós fomos forçados a fixar as atenções nos meios de comunicação que disputavam par e par cada informação e cada detalhe, na tentativa de ao menos decifrar os enigmas em torno do acontecido.
Parecia um sonho, ou pior, um pesadelo. Parecia um filme – de terror! A quinta-feira, 07 de abril de 2011, ficará para a posteridade como o dia em que nosso Brasil agregou mais uma faceta macabra de um mundo pós-moderno cada vez mais medieval (paradoxo inevitável).
A presidente disse “... não é característica de nosso país...”. Mas é característica do nosso mundo, e num mundo globalizado tudo é de todos, até a violência! Nenhuma sociedade passa incólume pelas profundas transformações que fazem de nosso planeta uma aldeia global, um imenso quintal onde compartilhamos os mesmos dramas e as mesmas dores.

O Brasil não era assim, mas, está ficando assim? Vai ser assim? Lamentavelmente teremos que conviver com estas e todas as outras questões que já nos incomodavam, para as quais não há respostas prontas, não existem axiomas. Não dá pra resumir numa frase. Não se pode exigir uma explicação... O que existe é esperança de que tudo vai mudar um dia, e só. Esta é a resposta: a esperança! Esperança é o “respirar fundo da alma” pra organizar o caos todas as vezes que se instalar, colocando cada coisa em seu lugar e, assim, continuar (sobre)vivendo.

O dia seguinte é um dia das reticências, das aspas... É o dia em que as exclamações surgem do nada, e que a interrogações imperam soberanamente.
As reticências representam o silêncio sombrio das vozes tão jovens que se calaram pra sempre; as aspas simbolizam os superlativos e comparações inevitáveis; as exclamações são os sustos, o assombro e as interrogações insistem em mostrar que nós, seres humanos, criamos equações, fórmulas tão difíceis, que nunca saberemos as respostas... Eis uma delas!

Shalom!

- pr Aécio -

PUBLICADO ORIGINALMENTE NO IBEROSAMPA

Um comentário:

  1. Nossa muito bom msm! Impressionante
    como vc consegue brincar com as palavras
    ao ponto de dar vida ao ocorrido,
    algo que até agora só parecia
    mais uma carne de vaca na mídia, se mostrou real e com a cor do sangue das vítimas.

    "O Brasil não era assim"?- não no palácio do planalto.

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