quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O ESPÍRITO NATALINO, AS COMPRAS, A COMILANÇA E MUITA HIPOCRISIA

O LADO SOMBRIO DAS FESTAS DE FIM DE ANO
 
Todo final de ano é sempre igual. Aproximadamente da segunda quinzena de Novembro em diante começa a catarse geral: Quase todo mundo tomado de vontades, sentimentos e sensações que ninguém sabe explicar muito bem. Será indução, ou hipnose involuntária?...
A mídia tem papel fundamental ao se encarregar de “generosamente” manifestar a presença do tal espírito natalino nas programações e, principalmente, na veiculação das famigeradas e mentirosas ofertas, do não menos famigerado comércio que não quer perder nenhum centavo do 13º dos pobres coitados. Estes, por sua vez, esperam o ano todo para receber uma quantia em dinheiro que se transformará em viagens, presentes e outros mimos pessoais.
Há quem seja mais esperto e, com a possibilidade de conciliar o dinheiro das férias remuneradas, conseguem juntar uma gorda soma para gastar, gastar e gastar. Mas há ainda os que se julgam mais espertos e se permitem abusar, exibindo aos parentes e vizinhos os últimos lançamentos em aparelhos eletrônicos ou o carro novo adquirido com pequena entrada mais prestações a perder de vista.
Já ia me esquecendo dos “mais espertos entre os espertos”: Aqueles que detonam todos os cartões de crédito; que estouram o limite especial e ainda se lambuzam com os “altruístas” empréstimos pré-aprovados – sentiu a ironia?

As comidas são um capítulo à parte. Estas ocupam o centro de verdadeiras orgias gastronômicas, que aprendemos a chamar de banquetes – ou, na linguagem mais clássica, ceias.
Nas mesas fartas, tudo o que nada, rasteja, anda e voa se misturam às verduras, legumes e demais vegetais preparados nas mais variadas receitas e estilos. Cozidos, assados, fritos, curtidos, etc. Tudo regado a muito vinhos, champanhes e refrigerantes. É comida pra dar, vender e (o mais deplorável) desperdiçar.
Para não dizer que não falei dos doces, para muitos seria um pecado imperdoável a ausência do terror dos diabéticos (a maioria deles não resistem a uma beliscadinha aqui, outra acolá) no gran finale das comilanças de final de ano. Canapés, pudins, pavês e outras maravilhas são empurrados goela abaixo, contrariando os sinais de saciedade emitidos pelo organismo já saturado (leia-se castigado) pelos excessos.

Não para por aí, não. Boa parte das pessoas começa a elaborar planos, planejar viagens, preparar festas e confraternizações com vários meses de antecedência. Então, em meio aos sentimentos ambíguos que oscilam entre a sinceridade dos que a despeito da época amam e respeitam de verdade as demais, e os que entre abraços e beijos de votos de “Feliz Natal e Próspero Ano Novo” terão apenas mais uma oportunidade de teatralizar, dissimular e fingir gestos e sentimentos – em festas de fim de ano demagogia pouca é bobagem.

Nesta época não é incomum presenciar maridos truculentos desejando numa noite a felicidade que suas esposas desejaram o ano todo; filhos abraçando pais humilhados e desprezados por eles mesmos; parentes fazendo fila para mais uma vez pedir desculpas por algo que fizeram ou deixaram de fazer; patrões ofertando panetones e espumantes dos mais baratos para empregados aos quais trataram o ano inteiro com indiferença e grosseria, etc. Além das muitas outras manifestações de sentimentos e atitudes que cairão no esquecimento assim que terminarem os festas de fim de ano; até que o espírito natalino nos visite outra vez. – pr Aécio

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